Vovó Sant’Ana

 

Antônio de Oliveira 

Em 26 de julho, comemora-se o Dia do Vovô e da Vovó. Consagrado a S. Joaquim e Sant’Ana, esposa de Joaquim, mãe de Maria, avó de Jesus. Sant’Ana já era venerada nas Minas Gerais setecentistas, sobretudo em regiões de mineração, sendo, então, a Senhora Sant’Ana considerada padroeira dos mineradores. Há quem veja nessa devoção um símile. Assim como as minas continham ouro em seu seio, Ana carregara ouro no seu ventre, a “bendita entre as mulheres”, como na voz de um Luciano Pavarotti. 

Os católicos, que constituíam quase 100% da população, legaram abundante iconografia de Sant’Ana. É emblemática sua representação como mãe e mestra, sentada, com um livro aberto e com uma menina meiga, muito atenta, de pé, ao seu lado. Imagem apropriada de mãe educadora, depois avó. 

Sant’Ana tem museu a ela dedicado em Tiradentes, instalado na antiga Cadeia Pública da cidade. São quase 300 imagens de Sant’Ana, de diversas regiões do país, clássicas e populares, em vários estilos. Em geral, produzidas por artistas anônimos, entre os séculos XVII e XIX. A iniciativa da criação do museu se deve a Ângela Gutierrez, devota da santa. Aí, na histórica cidade de Tiradentes, a arte, a história iconográfica e a fé se encontram irmanadas, conservadas e catalogadas com muito esmero, transpirando o ar barroco da cidade. 

O Dia da Vovó não tem o glamour do Dia das Mães. Avó, no entanto, é mãe em dobro. As palavras vovô e vovó têm, ambas, dois “vês”, duplo “v” de vitória. Parabéns aos vovôs e às vovós! Por favor, no dia dos joaquins e anas, não amanheças com a avó atrás do toco, irritado ou irritada, de mau humor nem amanheças de chinelos trocados nem com o pé esquerdo... Abraça tua avó e teu avô ou, se não mais os tens, manda tua mensagem ao além numa prece carregada de saudade. Rezar é mandar mensagem. Mensagens de fé. 

A história dos mais velhos é a história deles na linha do tempo. História vivida, em maior número de anos, rumo à eternidade. 

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