Viver com menos

LEILA RODRIGUES 

Alguns perderam o emprego e tiveram que aprender a viver com menos, muito menos dinheiro. Acabou o salário no fim do mês e eles tiveram que se reinventar, tiveram que buscar suas competências escondidas para sobreviver. 

Outros perderam pessoas. E tiveram que aprender a caminhar com o buraco da saudade no coração. Falta um lugar na mesa, falta a voz, o riso, a opinião e o abraço. Um lugar vazio que jamais será substituído. 

Outros perderam a esperança. Cansados de observar as perdas alheias, perderam a esperança na humanidade. Para eles tudo está ruim e a pandemia é apenas o merecido castigo dos humanos. 

O fato é que todos nós vamos ter que aprender a viver com menos. Menos contato, menos pessoas, menos dinheiro, menos um na família, menos regalia, menos liberdade, menos possibilidades... Menos alguma coisa. 

E talvez ainda não tenhamos nos atentado para o que está escondido atrás dos nossos “menos”. 

Viver com menos é compreender que nem precisávamos de tanto. Viver com menos é encontrar no caminho mais simples muito mais satisfação e alegria. Viver com menos é entender o que realmente traz felicidade. É trocar coisas por pessoas, trocar discussões por valores e descobrir que, embora o mundo seja cheio de lugares encantadores, não há lugar melhor que nossas próprias casas. 

Viver com menos é compreender que a saúde é a maior riqueza do ser humano e que a saudade é uma dor que nenhum dinheiro cura. 

Viver com menos é deixar espaço para viver com mais. Mais apreço, mais solidariedade, mais compaixão, mais humanidade, mais aceitação e mais amor. 

E é nesse menos que reside a nossa verdadeira evolução.

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