Vira estatísticas

Vira estatísticas 

Editorial

O brasileiro teve que assistir na noite desta terça-feira, 4 de maio, inerte, ao anúncio da morte do ator e humorista Paulo Gustavo. Conhecido por seus papéis na TV e no cinema, e por sua inesquecível “Dona Hermínia”, não resistiu às complicações da covid-19, após travar uma luta ferrenha contra a doença e ficar quase dois meses internado. Paulo Gustavo tinha 42 anos, deixou dois filhos de um ano, o marido, a família, os amigos, milhares de fãs, e hoje virou estatística. Talvez dizer isso neste momento seja cruel, mas é real. O ator “junta-se” aos mais de 412 mil brasileiros que perderam a guerra contra um vírus silencioso e letal no país, e hoje fazem parte dos dados epidemiológicos. Assim como Paulo, as outras milhares de pessoas que perderam a vida lutando contra o coronavírus deixaram família, amigos e eram o amor de alguém. Não que a vida do ator valia mais do que a de qualquer outro brasileiro que morreu em decorrência da doença, não que Paulo Gustavo seja mais do que os dados epidemiológicos que avisam constantemente a situação vivida no país, mas a morte do ator serve como – mais um – alerta. 

Desde o início deste ano, as autoridades sanitárias vêm alertando para o aumento dos casos confirmados e óbitos em pessoas na faixa etária de 40 a 59 anos e até mais jovens. E, hoje, com a partida do humorista, fica também a lição que a covid não tem distinção entre preto, branco, rico, pobre, gordo, magro, com comorbidades ou sem. Ela simplesmente vem e, quando vem, nos entregamos à sorte e rezamos para que o nosso sistema imunológico esteja preparado para lutar contra o vírus. Nem o melhor tratamento médico disponível conseguiu salvar a vida de Paulo Gustavo, dia em que constatamos mais uma vez que nem todo dinheiro do mundo é capaz de comprar saúde. A única certeza que se tem, neste momento, diante do sentimento da perda de tantas vidas, é que toda morte causada pelo coronavírus poderia ter sido evitada. Esta grande catástrofe nacional – mais de 412 mil mortos – poderia ter sido evitada se o negacionismo não tivesse sido “fomentado” por aqueles que têm como DEVER proteger o seu povo. 

É impossível falar sobre mortes causadas pela covid-19, sobre os casos confirmados, sobre economia parada, sem falar sobre políticos e políticas públicas. Estas últimas tanto nos faltaram quando mais precisávamos. Hoje, Paulo Gustavo e centenas de milhares de pessoas que viraram estatísticas de óbitos provocados pelo coronavírus juntam-se aos dados das empresas quebradas durante a pandemia, dos desempregados e da fome. Todos em um conjunto que todos os dias nos trazem a sensação da impotência. Todos juntos em um “lugar” que só nos faz querer sair por aí gritando e pedindo socorro. Mas, se tudo passa, como dizem por aí, a nós cabe mais uma vez reforçar os cuidados diários, afinal, as estatísticas não mentem, não são inventadas. Os dados são reais e nos mostram apenas a triste realidade que o brasileiro vive hoje. E a melhor maneira de essas estatísticas não serem tão devastadoras ainda é a prevenção, as vacinas. Proteja-se, para que você não faça parte da estatística de amanhã.

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