Vigilância e prevenção à febre maculosa devem ser contínuas

Da Agência Minas

Minas Gerais é um estado endêmico para a febre maculosa, isto significa que a doença é comum e pode ocorrer durante todo o ano. Nos períodos mais secos, meses de abril a outubro, os casos da doença tendem a aumentar, por isso é de fundamental importância intensificar as ações de vigilância e os cuidados preventivos.

A coordenadora de Zoonoses e Vigilância de Fatores de Risco Biológicos, da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Mariana Gontijo, aponta que a doença é comum tanto em áreas rurais, quanto nas urbanas. 

— O carrapato é o principal vetor da bactéria. A espécie mais comum que transmite a febre maculosa ao ser humano é a que está presente nos cavalos. Essa espécie de carrapato pode também ser encontrada em bovinos, roedores (capivaras e outros), marsupiais, cães e outros animais. A população de carrapatos aumenta em determinada área, em razão da disponibilidade de condições ambientais favoráveis, como presença de pastos “sujos” e vegetação favorável ao seu crescimento e reprodução, além da presença de animais que podem ser veiculadores do vetor — diz.

Doença

Transmitida ao ser humano pela picada do carrapato-estrela infectado pela bactéria Rickettsia rickettsii, a febre maculosa se manifesta por meio de febre alta, dor de cabeça, dores no corpo, mal-estar, náuseas, vômitos e, em alguns casos, manchas avermelhadas na pele, especialmente na palma das mãos e na planta dos pés. Considerada grave, se não for tratada logo no início do aparecimento dos sintomas, pode levar à morte.

O diagnóstico tardio é um dos fatores que elevam a gravidade da doença. Assim, é fundamental que, diante de sintomas, após a estadia em locais com grandes chances de infestação de carrapatos, o paciente procure imediatamente o serviço de saúde e relate ao profissional médico que esteve em áreas propícias para a presença desses animais.

— Diante da suspeita clínica da febre maculosa, o tratamento deve ser iniciado imediatamente, devido à gravidade da evolução da doença. O início da investigação deve ser imediato, para que as medidas de prevenção e controle sejam adotadas em tempo oportuno — enfatiza Mariana Gontijo.

Cuidados

Como medidas para prevenção da febre maculosa, a SES reforça alguns cuidados importantes para quem for frequentar áreas como matas, rios, cachoeiras, quem possui criação de animais domésticos como cães, cavalos,  e quem vai a ambientes com a presença de animais silvestres como capivaras ou gambás, que são propícios para os carrapatos.

Durante o contato com estas áreas, a principal recomendação é que sejam realizadas inspeções no corpo em intervalos curtos de tempo, pois quanto antes os carrapatos forem identificados e retirados do corpo, menor a chance de transmissão da doença.

Outras medidas de prevenção:

•         Uso de repelentes à base da substância Icaridina, que são eficazes na prevenção de picadas por carrapatos;

•         Uso de roupas de cor clara, vestimentas longas, calçados fechados (preferencialmente com meias brancas e de cano longo) ao frequentar ambientes favoráveis à presença de carrapatos, o que facilitará a visualização dos animais;

•         Uso de equipamentos de proteção individual nas atividades ocupacionais (capina e limpeza de pastos);

•         Evitar se sentar e deitar em gramados e em áreas de conhecida infestação de carrapatos;

•         Examinar o corpo periodicamente, ao frequentar áreas propícias à presença de carrapatos, tendo em vista que quanto mais rápido eles forem retirados do corpo, menor a chance de infecção;

•         Se verificados carrapatos no corpo, retirá-los com leves torções e com o auxílio de pinça, evitando o contato com unhas e o esmagamento do animal;

•         Utilização periódica de carrapaticidas em cães, cavalos e bois, conforme recomendações do profissional médico veterinário;

•         Limpeza e capina periódica de lotes não construídos e áreas públicas com cobertura vegetal;

•         Manter vidros e portas fechados em veículos de transporte em áreas com risco de infestação de carrapatos. 

Casos

Em Minas, até o dia 11/6, foram notificados nove casos da doença, sendo que seis deles evoluíram para óbito. As mortes ocorreram nos municípios de Faria Lemos (1), Contagem (4) e Raul Soares (1).

Após as notificações iniciais de um caso, a SES, em conjunto com as secretarias municipais de Saúde, realiza visitas técnicas na região de ocorrência, para orientações e investigação epidemiológica; busca ativa de casos suspeitos; elaboração de Nota Técnica para orientação das medidas preventivas e de controle; para orientação à rede assistencial pública e privada, bem como alinhamento do fluxo assistencial e laboratorial de pacientes suspeitos.

— A SES tem trabalhado junto aos municípios para ampliar o conhecimento dos profissionais sobre a doença, emitindo alertas que favorecem o aumento da sensibilidade do sistema de vigilância. Dessa forma, os serviços de saúde são orientados para a realização de investigação que permite identificar novos casos da doença. As ações de vigilância da doença são contínuas, monitoradas e com ampla divulgação, sendo realizada em todo o estado de Minas Gerais durante todo o ano — conclui Mariana Gontijo.

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