Vestido de caubói, vereador Diego Espino defende vaquejada em reunião da câmara

Esporte consiste em derrubar um animal puxando-o pelo rabo; Flávio Marra discorda

Bruno Bueno

Uma cena incomum chamou atenção na 30º Reunião Ordinária da Câmara Municipal, ocorrida na tarde desta quinta-feira. O vereador Diego Espino (PSL) compareceu ao encontro com traje de caubói. Vestido com chapéu, colete e bota, o parlamentar usou seu espaço na Tribuna Livre para defender a vaquejada,  esporte onde as duplas de vaqueiros tentam derrubar um boi (ou outro animal semelhante) puxando-o pelo rabo entre duas faixas. Vence quem obter o maior número de pontos.

A fala do vereador se deu após, na última reunião da Câmara, o vereador Flávio Marra (Patriota) se posicionar contra o Projeto de Lei (PL) 2452/2011, de Efraim Filho (DEM-PB), que visa reconhecer a vaquejada como “atividade desportiva formal”. À época, o parlamentar disse que o esporte proporciona maus tratos aos animais.

Cultural

Segundo Diego Espino, a vaquejada não deve ser proibida, já que, segundo ele, o esporte é uma questão cultural.

— Eu venho da roça, eu sou o tipíco mineiro de verdade. Meu avô foi um latifundiário da região de Iguatama e outras cidades. Nós vivíamos da roça, tudo que a gente comia vinha de lá. Eu fiquei um pouco chateado, pois, de onde eu venho, a gente tem um esporte relacionado as coisas da terra e do campo. Eu vim hoje de chapéu e bota em homenagem as inúmeras mensagens que recebi sobre a proibição da vaquejada. (...) Falar desse esporte é muito mais do que isso, é algo cultural. A vaquejada é movimento espontâneo popular e expressão do povo — disse.

Economia

O parlamentar também afirmou que a vaquejada contribui para a economia dos municípios.

— Além disso, a vaquejada contribui para a economia do país e dos municípios. São altos investimentos nas exposições em que se aprecia o esporte. A gente não pode esquecer de onde estamos, eu represento Divinópolis. Somos conhecidos pelo comércio e principalmente pela Divinaexpo, que é considerado um dos maiores rodeios do Brasil. (...) Só quem fala mal desse esporte é porque nunca presenciou! Divinópolis e Minas Gerais merecem a vaquejada. Se quiserem acabar com a vaquejada, vão ter que passar por cima de mim primeiro. Isso é um esporte, uma tradição e uma cultura, logo não vamos aceitar isso — explicou.

Maus tratos

Para defender o esporte, o vereador também afirmou que a vaquejada não proporciona maus tratos aos animais.

— Se tratando dos animais, todos eles são preparados e aptos para o esporte. Recebem tratamento de primeira e acompanhamento veterinário, que também ajuda na fiscalização. Não podemos confundir as coisas, eu deixo claro que não sou a favor de maus tratos aos animais, principalmente naqueles que são forçados a trabalhar nas ruas. Não se pode acabar com uma tradição ou defender seu fim, sem pensar na questão cultural. Temos que acabar com os maus tratos, porém o fim da cultura e tradição? Eu digo não! Contem comigo para defender essa causa — afirmou.

Flávio Marra

Flávio Marra também usou a Tribuna Livre para falar sobre a vaquejada. O parlamentar voltou a se posicionar contra o esporte.

— Quero deixar claro, eu não sou contra o esporte em geral, nem o rodeio e nem show, muito menos a Divinaexpo. Eu só sou contra aos maus tratos contra os animais. Vocês podem olhar, pessoal, isso não pode ser considerado esporte. Tem caso que o rabo sai na mão do cavaleiro. Eu como presidente da Comissão Animal, devo concordar e ficar calado? Não posso dar minha opinião? Eu sou contra! Mas, lembro que o projeto é votado pelo congresso federal. Eu amo o rodeio, na minha rede social só tem foto do rodeio. Não sou contra a Divinaexpo, eu sou desfavor aos maus tratos dos animais — ressaltou. 

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