Vergonha dupla

Lamentável, inadmissível e condenável. Talvez estes três adjetivos resumam o ataque de um torcedor atleticano, pelo visto “burguesinho”, a um segurança que “apenas” trabalhava no clássico entre Cruzeiro e Atlético, domingo, 10, no Mineirão. Fora de controle, certamente pelo desempenho pífio do seu time em campo, discriminou o homem negro comparando sua cor à dele. Se dentro das quatro linhas o apresentado foi horroroso, fora de campo, foi pior ainda. Uma vergonha dupla mostrada em cada canto do país. Não! Definitivamente, o futebol mineiro e seus torcedores não merecem isso.  

Não representa

Que fique claro que este tipo de torcedor não representa o Atlético, formado em muitas ocasiões em que se jogava um futebol envolvente com jogadores negros, não este “feijão com arroz”. Impossível não citar: Reinaldo (o Rei) Dadá Maravilha (peito de aço) e Ronaldinho Gaúcho (imbatível). Apenas três exemplos para não render e mostrar, para quem pensa como este “torcedor” de domingo, que cor não define caráter e muito menos competência. Episódios como este só confirmam o tanto que ainda somos atrasados culturalmente até mesmo em relação a países da América Latina, considerados piores em outros quesitos.  Ainda falta muito para evoluirmos, se é que um dia isso vai acontecer. Se depender dos representantes que escolhemos, pode esquecer.

Rigor e urgência

Logo depois do fato, o Atlético se manifestou em nota, na qual repudia o ocorrido. O clube diz que se coloca "à disposição das autoridades policiais" e pede para que haja "o máximo rigor e celeridade nas investigações”.  “O Clube Atlético Mineiro repudia veementemente qualquer ato de violência, incluindo racismo, injúria ou ofensa moral, seja no estádio ou fora dele.” E não poderia ser diferente.  Omissão nestes casos às vezes costuma ser pior do que a prática. Não se pode calar diante de um ato desumano e covarde. No mínimo, é o que se espera do clube e da Justiça.

Desabafo e choro

E quando a gente acha que esta covardia acontece só por aqui, logo no Brasil onde se inventou o futebol, mas há muito não é digno disso, vem uma Ucrânia e humilha não só os jogadores nossos, mas todos os brasileiros. O atacante Taison fez um duro desabafo nas redes sociais após ser vítima de racismo ao lado do também brasileiro Dentinho, durante o clássico ucraniano entre Shakhtar Donetsk e Dínamo de Kiev, no domingo, pelo campeonato nacional. Os dois deixaram o gramado chorando depois do episódio racista ocorrido na cidade de Kharkiv. O mais triste nestas constatações é a sensação de impotência das vítimas. O jeito é levantar a cabeça e ir à luta. Afinal, o brasileiro tem um diferencial em relação às outras nações. Mesmo que lhe falte forças, não desiste nunca.

Na contra mão

Já que, por aqui, “nada se cria, tudo se copia”, dizia o velho guerreiro Chacrinha, pelo menos que fosse um exemplo bacana que vem da Austrália. As jogadoras da seleção feminina daquele país vão receber o mesmo salário que seus colegas homens. O acordo foi divulgado de forma oficial pela Federação de Futebol da Austrália (FFA). Elas também terão as mesmas condições de trabalho – viajarão somente de classe executiva para as partidas, por exemplo. Do total da receita com direitos televisivos, vendas de ingressos ou produtos etc., metade ficará com o time masculino e metade com o feminino, não importando qual arrecade mais. O mesmo vale para as premiações de torneios. A conquista das atletas foi assegurada em uma convenção coletiva e durará pelos próximos quatro anos. Uma decisão que merece aplausos de todo o mundo do futebol. É muito simples ser correto. Pena que boa parte da população não se dá conta disso.

Careca e Guarani

Ainda no futebol, só que agora com uma boa notícia, até que enfim. O Guarani já se movimenta nos bastidores para montar um grupo forte que lutará pelo retorno à elite no futebol mineiro em 2020. Meta nada fácil, mas que conta com apoio de gente conhecida e importante. O presidente do Bugre, Vinícius Moraes, e o gerente de Futebol, Renato Moltak, se reuniram na última sexta-feira, 8, com o ex-jogador Ceará, que se aposentou no Cruzeiro. Ele agora é empresário de jogadores e vai ajudar o time do Porto Velho nesta meta. E se depender de sua experiência e profissionalismo, tem tudo para dar certo. Além do time estrelado, Ceará já jogou no Paris Saint-Germain, Coritiba, Internacional, entre outros.  O encontro produtivo já rendeu o acerto de três jogadores que ele cuida da carreira com a diretoria do clube. E tem mais novidades que ainda estão por vir. Avante, Bugre!

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