Vereadores reagem a fechamento de quatro unidades de saúde

Delano Santiago diz que cheque é da Prefeitura, mas quem assina são vereadores

Marília Mesquita

Apesar das recentes aprovações de créditos orçamentários à Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) na Câmara, a exemplo dos polêmicos R$ 3,7 milhões votados no último dia 17, um dos assuntos abordados pelos vereadores na reunião de ontem foi a suspensão dos atendimentos nas quatro Unidades Especiais de Assistência à Saúde (Ueas) na cidade.

O vereador Edson Sousa (PMDB) disse que a partir de 10 de outubro a Semusa não irá mais oferecer o serviço à população e que isso é “uma perda”.

— A situação é preocupante porque ao fechar essas unidades, traz também enormes prejuízos sociais, humanitários e de segurança à população. Então eu cobro posicionamentos da Prefeitura e da Comissão de Saúde da Câmara — pontua.     

Serviço

As Ueas foram criadas em 2014 como alternativa à histórica superlotação da Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Para isso, quatro unidades foram distribuídas em pontos estratégicos da cidade, sendo eles o Centro, Ipiranga, Niterói e São José.

Os serviços prestados são referentes à atenção primária de saúde. Porém, diferente do Programa de Saúde da Família (PSF), que funciona no período diurno, das 8h às 16h30, as Ueas funcionam no período noturno, entre 18h e 22h.

Para a consultora de vendas Letícia Ribeiro, de 23 anos, a unidade do Centro é uma boa opção tanto pelo conforto quanto pela qualidade do serviço prestado.  

— Estou sentindo muita dor na cabeça, no corpo e estou febril. Vim aqui porque é mais rápido e na UPA eu não teria a atenção que deveria. Houve uma vez em que passei 10 horas à espera de atendimento na UPA. Nas quatro vezes em que vim à Ueas isso não aconteceu — disse.

Porém, segundo uma nota divulgada à imprensa pela assessoria da Prefeitura, a Semusa diz que o custeio dos atendimentos é feito exclusivamente pelo município e que propõe uma revitalização no serviço para permitir o melhor aproveitamento dos profissionais contratados.

A declaração ainda fala que a responsabilidade com as necessidades de Letícia Ribeiro, por exemplo, poderá ser compartilhada com os demais entes federados.

Utilidade 

A UPA atende a 400 pacientes por dia, em média, com picos de até 550. O índice que já é acima dos 350 recomendados pelo Ministério da Saúde, pode se agravar sem o funcionamento das Ueas.

Diferente do apresentado pela prefeitura, nas 4h de funcionamento das unidades, pelo menos 100 pessoas são atendidas pelos médicos e enfermeiros disponíveis à população, seja para consultas ou para aplicação de medicamentos.

Esse número significa que, se encerradas as atividades, 25% dos atendimentos na UPA irão aumentar, já que as 25 pessoas que iriam utilizar a alternativa recorreriam diretamente ao pronto-socorro.

Reações 

No plenário da Câmara, o presidente da Comissão de Saúde, Renato Ferreira (PSDB), disse que vai conversar diretamente com o secretário da pasta, Rogério Barbieri, para averiguar a questão.

Já o vereador Delano Santiago (PMDB) disse que diferente de dar as mãos à atitude do secretário e da possível aprovação do prefeito Galileu Machado (PMDB), os vereadores devem fazer uma moção de repúdio.

— Em vez de fechar, tinha era que abrir. Que tal os 17 de nós não aceitarem fechar as Ueas? Vamos fazer um documento para exigir que não aceitemos. Nós somos os representantes do povo. Não é lá. A Prefeitura pode ser o dono do cheque, mas quem o assina somos nós — exalta.  

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