Vereadores deixaram reunião, foram a delegacia, mas não prestaram queixas

 

 

Pollyanna Martins 

O presidente da Câmara, Adair Otaviano (MDB), finalizou a reunião ordinária de quinta-feira, 5, mais cedo em comum acordo com os outros 16 vereadores, para que todos fossem à delegacia prestar queixa contra possíveis crimes na internet, dos quais eles estariam sendo vítimas. Porém, nenhuma denúncia foi formalizada. 

Cada vereador recebe R$ 11.064,55 de salário por mês. Isso quer dizer que cada uma das oito reuniões mensais custa R$ 23.512,16 apenas em salários de vereadores. Ou seja, a reunião de quinta, em que não foi votado nenhum projeto nem foi feita nenhuma discussão sobre a cidade, custou esse valor ao contribuinte. 

O delegado regional, Leonardo Moreira Pio, confirmou que alguns parlamentares estiveram na delegacia na tarde de quinta, mas não prestaram queixa.  

Logo após o início da reunião, Rodrigo Kaboja (PSD) pediu para Adair suspender a sessão por 30 minutos, para que os parlamentares se reunissem no plenarinho e discutissem um assunto importante, que envolvia todos os vereadores. Após a suspensão, os parlamentares voltaram para o plenário e o presidente da Casa anunciou que todos os vereadores, em comum acordo, não iriam se pronunciar para resolver questões pessoais e institucionais. 

Logo em seguida, Adair retirou os três projetos de lei que estavam na pauta da ordem do dia. Além disso, não houve qualquer debate sobre assuntos da cidade. 

O presidente da Câmara informou que, durante a reunião no plenarinho, os vereadores discutiram sobre a sequência de ataques que vêm sofrendo nas redes sociais. Adair citou os casos de Ademir Silva (PSD), criticado nas redes sociais por sua fala da reunião ordinária do dia 8 de março, sobre animais de ruas abandonados; o de Rodrigo Kaboja, atacado por ter protocolado o Projeto de Lei Ordinária do Legislativo (PLCM) 043/2018, que afrouxou a lei do nepotismo em Divinópolis; e citou ainda uma ameaça recebida em um comentário, em uma página no Facebook.  

Conforme explicou o presidente da Casa, o pedido de suspensão da reunião partiu também do vereador Edson Sousa (MDB). O Agora apurou que uma montagem foi feita com uma foto de Edson Sousa em que ele é acusado de receber propina de uma empresa. Essa acusação já objeto de CPI em 2006 e a Comissão não viu qualquer crime. A imagem havia sido postada em uma página no Facebook, na quinta-feira, por volta das 12h, e até as 18h30 tinha 75 compartilhamentos. Nesta sexta-feira, 6, havia sido retirada do ar. 

Durante o anúncio do fim antecipado da reunião, Adair disse que iria à delegacia para acompanhar os colegas, porém o presidente da Casa não esteve na Polícia Civil.  

— Eu não fui à delegacia, porque eu não me senti ofendido. Eu parei a reunião em respeito ao Kaboja e aos vereadores que pediram também. A informação que eu tenho é que a turma que foi lá [à delegacia] foi orientada que cada um fizesse a denúncia individual. Parece que cada um está pensando para poder fazer a sua denúncia individualizada – informou à reportagem. 

O vereador Edson Sousa informou, em um grupo de WhatsApp, que a representação sobre os crimes cibernéticos será feita na próxima segunda-feira, 9, e será assinada pelos 17 vereadores.  

 

 

 

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