Vereadores decidem doar parte do salário para combate à covid-19

Matheus Augusto

A crise exige a contribuição de todos para ser superada. Divinópolis vem de um momento financeiro conturbado, com o governo do Estado retendo os repasses da cidade entre os anos de 2016 e 2019. Com isso, pessoas e entidades têm buscado contribuir no enfrentamento do coronavírus (covid-19) na cidade. Desde o último dia 20, a Câmara não sedia mais nenhuma atividade, nem mesmo as reuniões ordinárias. Conforme o último decreto, a Casa ficará fechada até, ao menos, o dia 30 de abril. Mesmo fechada, e pensando neste cenário, os vereadores Matheus Costa (Cidadania) e Roger Viegas (Republicanos) anunciaram, nas redes sociais, a doação de 50% do salário para ajudar no enfrentamento da crise. 

Atualmente, cada vereador recebe R$ 11.572,00, por mês.

Proposta

Ambos apresentaram, na última semana, um projeto para reduzir os salários dos 17 vereadores, assessores, do prefeito, vice-prefeito e secretários durante a pandemia. No entanto, mesmo que aprovada neste ano, a medida entraria em vigor apenas em 2021. Diante disso, buscando fornecer uma ajuda imediata, eles decidiram doar metade do salário para o combate à covid-19.

— Apresentamos primeiramente a proposta de redução salarial, porém só seria possível de ser aplicada por decreto municipal ou através da Mesa Diretora da Câmara, que não se posicionou. Então, decidimos propor a doação, agindo dentro da legalidade — contou Roger.

O vereador ainda explicou que tomou a decisão juntamente com Matheus, e que não conversaram com os colegas da Casa sobre uma possível adesão conjunta à ideia. Roger também disse que o salário de abril já será doado, mas ainda estuda como será feita a ação.

— Estamos avaliando quais entidades poderão receber, com CNPJ regularizado, desde que tenham alguma causa envolvida diretamente no combate à covid-19, como é o casa da Comunidade Sacramento de Amor, que está cuidando de aproximadamente 80 moradores de rua neste período da pandemia — declarou.

Ajuda

Sobre a importância da atitude, ambos os vereadores destacaram a necessidade de, como figuras públicas, contribuir para minimizar os prejuízos na cidade.

— Em momentos de crise como este, todos devem ceder um pouco. Nós, como representantes do povo, não podemos nos furtar da nossa missão. Se todos colaborarem um pouco, vamos vencer essa batalha. Nosso exemplo é importante, mas, se conseguirmos viabilizar a proposta de redução, será um reforço no caixa da Prefeitura de R$ 1 milhão por mês — declarou Matheus, citando a economia previsto caso o projeto de redução salarial fosse aprovado.

Já Roger reforçou a necessidade de, com o surto da doença, dos vereadores abrirem mão de determinados benefícios por um bem maior.

— O exemplo tem que partir das autoridades. Nós, representantes, mais do que nunca, devemos nos posicionar e ajudar de forma imediata neste período tão crítico. Devemos reforçar a importância da economia e entender que a redução salarial de todos os agentes políticos e indicados vai impactar de forma significativa no orçamento do Município. Os políticos têm que sair de cima do muro e ter coragem de atender o pedido da população e votar pela redução de seus próprios salários — complementou.

Responsabilidade

Matheus Costa disse ainda que, mesmo com as atividades da Câmara suspensas, os vereadores têm o compromisso de minimizar os impactos da crise.

— Precisamos, basicamente, estar na linha de frente do combate. Dialogar e levar os anseios da população ao comitê de enfrentamento. Assim, tomaremos decisões plurais e, com certeza, mais assertivas. Precisamos aprovar medidas de isenção fiscal para os comércios, indústrias e autônomos afetados urgentemente. Não podemos parar de planejar o futuro da cidade por isso. Sou a favor que o trabalho dos agentes públicos não pare em nenhum momento durante essa guerra — sugeriu.

Para Roger, ações como as sugeridas por Matheus só poderão ser concretizadas com alterações aprovadas pelos vereadores.

— Em meio a um cenário de incertezas, posso afirmar que só fazendo mudanças no orçamento que vamos poder propor novas medidas, para que, de fato, o Município possa amparar famílias e ajudar os comerciantes e autônomos afetados pela crise — finalizou.

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