Vereador César Tarzan paga R$ 10 mil de fiança e se livra de ir preso

 

Ricardo Welbert 

O vereador César Tarzan (PP) pagou a fiança de R$ 10 mil imposta pela Justiça Eleitoral como condição para não ser preso pela Polícia Federal (PF) após as primeiras 24 horas seguintes ao decreto de prisão emitido anteontem. A informação foi confirmada ao Agora pelo advogado dele, Alican Albernaz, às 18h de ontem.

Na decisão que baseia a representação, a Justiça Eleitoral determinou que o réu pagasse fiança de R$ 10 mil em até um dia. Caso a fiança não fosse paga no prazo estabelecido, o mandado de prisão entraria em vigor.

Segundo o delegado Benício Cabral, há indícios que sustentam a tese de que o vereador teria ameaçado testemunhas.

— Ele não pode se aproximar das testemunhas, mas realizou um evento na porta da casa de uma delas. Um evento que poderia ter sido realizado na Câmara ou em qualquer outro lugar — comenta.

Pela medida cautelar, César Tarzan não poderia sair de Divinópolis sem autorização da Justiça. No começo deste mês, porém, ele viajou para o estado de São Paulo, onde esteve em cidades como Aparecida e Ubatuba. Ele retornou a Divinópolis anteontem.

— Dentro do inquérito que está em andamento na delegacia e em razão de o vereador ter descumprido medidas cautelares impostas pelo juiz eleitoral, foi novamente representado pela decretação da prisão preventiva dele. Na decisão que apreciou a representação da PF, o juiz eleitoral determinou ao vereador o pagamento de fiança no valor de R$ 10 mil em 24 horas — informou o delegado regional da Polícia Federal, Daniel Souza.

Como o vereador pagou, permanecem as medidas. A quitação da fiança foi feita no Cartório Eleitoral. Caso não tivesse sido, o cartório deveria comunicar à PF, que tomaria as medidas necessárias para a prisão.

Outro lado 

Procurado pelo Agora, o vereador garante que tinha autorização para viajar e afirmou que só vai se pronunciar oficialmente sobre o caso depois de uma conversa com a defesa na tarde de ontem. Porém, o telefone dele estava desligado.

Às 18h, a reportagem fez contato com o advogado de Tarzan, Alican Albernaz. Ele afirmou que o cliente cumpriu todas as decisões da Justiça.

 Relembre 

Tarzan é investigado pela PF por boca de urna, falsidade ideológica gerada por prestação falsa de contas e compra de votos. Em junho do ano passado, a PF e o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) pediram medida cautelar e o juiz acatou.

Segundo o texto, o vereador tentou interferir e direcionar depoimentos de testemunhas de um caso que está em investigação desde março de 2017.

Representantes do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e da PF cumpriram mandado de busca no gabinete dele em junho. A suspeita era de que ele tenha comprado votos durante a campanha de 2016, feito boca de urna e falsa prestação de contas.

Benício Cabral disse que tudo começou quando uma pessoa que trabalhou na campanha de César Tarzan procurou a PF e denunciou que ele praticou atos considerados crimes pela legislação.

— Ele teria feito compra de voto, boca de urna e uma prestação falsa de contas da campanha, além de ter gasto mais do que declarou. Essas informações foram comprovadas pela testemunha.

Em uma entrevista coletiva alguns dias após o mandado de busca, César Tarzan disse que as mesmas denúncias foram feitas à Justiça Eleitoral em 2016 e o processo foi arquivado.

Nesse processo, o denunciante afirma que o vereador, quando ainda em campanha, prometeu um cargo de primeiro assessor no gabinete caso vencesse as eleições e que, eleito, não cumpriu com o acordo.

Ao ser perguntado sobre as evidências citadas pela PF, Tarzan negou.

— Prova de coisa que não existiu. Não tive acesso a esse novo processo, mas as denúncias são as mesmas feitas à Justiça Eleitoral. Estou muito tranquilo quanto a isso. Não existe prova de um fato que jamais aconteceu — finalizou.

 

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