Verbas? Tem que divulgá-las

Há muito venho tentando entender por que o deputado federal Domingos Sávio (PSDB) obteve apenas 3.973 votos na eleição de 2018, em Divinópolis. Solicitei e recebi prontamente de sua assessoria uma relação das principais ações do parlamentar por Divinópolis. São centenas de ações, que vão desde a liberação de R$ 8 milhões por ano para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), passando por verbas para o Complexo de Saúde São João de Deus (CSSJD), Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Padre Roberto, viaturas para a Polícia Militar (PM) e a liberação de R$ 22 milhões, recurso que garantirá obras em várias ruas dos bairros São Simão, Grajaú, Terra Azul e Costa Azul. Afinal, o que ocorreu?

Verbas? Tem que divulgá-las II

A princípio, percebo que falta ao mandato do deputado Domingos Sávio um projeto objetivo de divulgação de suas ações parlamentares. A celeuma criada com a liberação dos R$ 22 milhões referidos é prova disso.

Explico: foi o deputado federal quem, de fato, liberou a verba, mas o deputado estadual Cleitinho Azevedo (Cidadania), que apenas visitou a Caixa Econômica de Divinópolis e até torceu pela liberação desses R$ 22 milhões, conseguiu passar para a população dos bairros a serem atendidos que ele próprio teve um papel fundamental na liberação deste valor. Como fez isso? Com uma boa campanha de marketing. Não estou dizendo que o deputado Cleitinho não tenha contribuído para a liberação, ainda que pouco, mas, se tornar o pai da liberação dos R$ 22 milhões, aí já é demais. E não é só isso!

O que prejudicou o tucano

É evidente que a não divulgação das ações do deputado federal Domingos Sávio em benefício de Divinópolis é falha, um erro que, querendo ou não, pode ter repercutido em sua votação na cidade em 2018. Outro motivo que pode ter contribuído para esse encolhimento na votação talvez esteja na sua ligação política e até fraternal com Aécio Neves (PSDB). O eleitor acaba estendendo a rejeição a um nome para aquele que lhe está próximo. Enquanto Aécio foi o todo poderoso tucano, que obteve, em 2014, na disputa presidencial com Dilma, 51.041.155 votos, Domingos surfou na boa onda e até chegou à presidência do PSDB em Minas. Mas, quando o neto de Tancredo Neves caiu em desgraça política, os efeitos negativos podem ter respingado em Domingos Sávio. Se isso tiver ocorrido, constituiu uma grande injustiça, pois, apesar da grande aproximação com Aécio, o deputado por Divinópolis, ao que se sabe, nunca se envolveu em corrupção ou em quaisquer maracutaias políticas. E por que pode ter respingado em Domingos? Porque, dentre outros motivos, seu staff de marketing não atinou para a importância de esclarecer aos eleitores que, apesar da relação política e amiga de Domingos com Aécio, ele nada tem a ver com corrupção de quem quer que seja, não é corrupto. Caso tenha havido realmente tal reflexo, Domingos pagou o pato injustamente.

Candidato a prefeito precisa pensar como prefeito

Para isso, tem que sair às ruas, já! Vá ouvir o que o jornaleiro, o dono do botequim da esquina, o frentista do posto de gasolina, pessoas que estejam passando, vá conhecer a zona rural da cidade, os bairros mais pobres, as favelas. Só assim vai perceber o que o eleitor precisa e o eleitor certamente vai querer esse candidato como prefeito eleito.

Muitas vezes, os candidatos se empolgam durante a campanha e fazem promessas que não têm a menor ideia se serão realizáveis, serem cumpridas. O eleitor hoje já está calejado, não acredita mais em baboseiras. Ele sabe muito bem o que é factível e o que não é. No filme “O Candidato”, dos anos 90, Robert Redford faz uma campanha brilhante e vence a eleição. Ainda estão contando o restante dos votos quando ele chama o consultor que o orientou durante toda a campanha e pergunta: “E agora?”. Isso porque nem ele sabia o que prometeu. Hoje, se alguém tem interesse e ainda não é candidato, que comece a se preparar. Visite a casa de vizinhos, conhecidos ou não. Apresente-se pessoalmente, não como candidato, troque ideias com eles. Faça a mesma coisa com seus parentes e amigos. Ouça, ouça, ouça! Este é o momento.

Quando chegar a hora de a campanha sair às ruas, já estará assim em vantagem. Pode acreditar! Isso vale também para os candidatos a vereador.

Autor: Hermínio Naddeo (candidatos, guardem este nome)

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