Verão

Eu pessoalmente amo o verão, sempre adorei água e acho que isso tem muito a ver. Sou daqueles que três dias de chuvas direto já me dão aquele baixo-astral, ainda mais nos fins de semana. O domingo ensolarado é com certeza dia de rua cheia, praças lotadas, clubes lotados e muita alegria.

Antigamente as coisas eram diferentes. Como não lembrar que toda noite de verão todo mundo sentava na calçada e ali ficava se refestelando até a hora de dormir? Acredito que as casas eram mais arejadas, com mais janelas e muito mais árvores, grandes quintais faziam das cidades um lugar bem mais fresco.

O Centro de nossa querida cidade tornou-se uma selva de pedras, a cidade foi planejada como um grande tabuleiro, com ruas certas e quarteirões com o mesmo tamanho. As ruas, no projeto elaborado pelo prefeito da época, Antônio Olímpio de Morais, eram 3 metros de cada lado mais largas. Aí veio um novo prefeito que achou um exagero e diminuiu o tamanho, hoje sentimos isso, as ruas com 6 metros a mais iriam facilitar o trânsito.

Como tenho saudade dos poderosos quintais! Moramos uma época na rua Goiás em frente ao Cine Arte. Era uma casa antiga e pertencia ao Sr. José Maria Campos, o quintal era enorme, chegava a fazer a divisa com as casas da rua Minas Gerais. Ali tinha grandes mangueiras, goiabeiras e jabuticabeiras. Lembro que meu pai fez uma enorme horta que, além de sustentar a casa, distribuía verduras para toda vizinhança.

Ali acontecia de tudo. Lembro-me que a casa tinha um pé-direito muito alto e muitos quartos, as janelas eram com vários vidros quadrados e de duas bandeiras, antigas mesmo. Diziam que ali, pelos moradores serem da religião espírita, funcionou por muitos anos como centro espírita, aí a coisa pegava sempre. À noite havia barulhos estranhos e vultos passando. Como meu pai era da mesma religião, nos acalmava dizendo que perigosos eram os vivos, que os mortos não nos fariam mal, era só orar por eles.

Adorava aquela casa, pois era só sair na porta para estar no Centro da cidade, onde as coisas aconteciam.

A Goiás da época era lotada de lojas e ambulantes que faziam do lugar um centro de compras. Tudo que você precisava na cidade encontrava ali e, para nós, era um parque de diversões. Minha mãe tinha a Luluzinha, primeira loja de roupa infantil, a casa Orion, do meu tio Adib, que era famosa loja de roupas masculinas, existia a Ki Joia Moda Esportiva, alfaiataria do Seu Lisbôa, a Cinderela Perfumaria e a loja que mais gostávamos: o Bazar das Novidades, que vendia brinquedo. Tinha também a Norma Presentes e a farmácia Campos, o Cine Arte e o Hotel Presidente, o Ponto Chic e a Galeria Orion, por onde adorávamos passear, ali todo mundo conhecia a todos, a vida com certeza era mais fácil e deliciosa.

E continuamos aqui, sempre de bem com a vida. Tok Empreendimentos, rua Cristal, 120, Centro.

[email protected]

 

 

 

Comentários