Venci, e agora?

João Carlos Ramos

É de nosso conhecimento a famosa frase do imperador Júlio César, que enviou uma carta ao senado Romano em 47 a.C., descrevendo sua grande vitória sobre o rei do Ponto, Fárnaces II. Tornou-se o primeiro imperador romano, dando início a uma série de atitudes de extremo poderio, despertando a oposição de outros poderosos. Estrategicamente, se uniu a Crasso e Pompeu. Criava-se o primeiro TRIUNVIRATO. Todos tinham sede de poder e iniciou-se uma teia de intrigas e paixões, que culminou com o convencimento do Senado em cooperar com o assassinato de Júlio César. Tal assassinato foi consumado após o referido ter ido ao local fatídico, mesmo após ter sido alertado por sua esposa, Calpurnia, que havia sonhado com a tragédia. Tais fatos foram registrados nos anais da história pelos grandes historiadores Suetônio e Plutarco.

Trazendo para nossa realidade, nada mudou, embora as armas sejam outras...  Estamos aguardando as eleições municipais do dia 15 de novembro e o quadro está sendo desenhado, embora de forma confusa, despertando interesses múltiplos, entre os candidatos e eleitores. Provavelmente, teremos os resultados das eleições poucas horas após o encerramento. Prefeito, vice e 17 vereadores subirão ao pódio, enquanto oito candidatos a prefeito (a) e 339 candidatos (as) a vereador (a) entrarão, juntamente com seus assessores, no tenebroso vale de "choro e ranger de dentes"... A pergunta que não quer calar é essa: VENCI, E AGORA?

A história nos relata que a decepção quase sempre se repete no tocante à preferência do eleitorado, pois uma porcentagem mínima de promessas de campanha se concretiza e às vezes até o punhal, oculto nas vestes da pureza, surge, reluzente e sagaz.... Após a vitória, o que fazer para agradar a população? Primeiramente, não depende apenas do eleito, mas de uma série de fatores, dentre eles, o bem-querer partidário e outras peças inexoráveis do xadrez. Como no antigo império romano, surgem outros interesses, gerando a sede insaciável de poder, que leva muitos a se tornarem adversários de ex-aliados e aliados de ex-adversários. "A mão que afaga, é a mesma que apedreja”, Augusto dos Anjos. 

A frase  “Até tu Brutus" se repete após as eleições, com a maior frequência e naturalidade. Também afirmamos que a falta de caráter leva eleitos a afirmarem que o cadáver é o assassino e que gatos e lebres são a mesma coisa. O eleitorado comparecerá, creio eu, em massa nas urnas, à procura de consolo, na expectativa de melhoras acentuadas e (ou) mudanças radicais, por parte dos eleitos. Resta-nos saber se os bem-aventurados, economicamente, estão preparados para ações altruístas, refletindo caráter nobre e as intenções sublimes que o povo aguarda.

Relembremos o poema SE, de Kipling : "...Se és capaz  de esperar, sem te desesperares, ou enganado, não mentir ao mentiroso. ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares e não parecer bom demais, nem pretensioso...".

Minha pergunta, que deve ser sua, continua: venci, e agora?

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