Vazou

Preto no Branco

Falar sobre o coronavírus pode ser chato, maçante e cansativo, mas surgem tantas situações em meio ao pior momento da pandemia no País, que é impossível deixar de comentar. Em Minas Gerais, que bateu novo recorde de mortes de terça-feira para quarta, com o registro de 500 mortes, um assunto ganhou destaque nas últimas horas.  O vazamento de informações sobre o 'tratamento precoce' da covid-19 na Polícia Militar e no Corpo de Bombeiros.  Com o assunto na “boca do povo”, as corporações emitiram nota afirmando que todo o procedimento ainda está em avaliação. O protocolo indica uso de medicamentos sem eficácia para as tropas. O documento ainda era liberado, mas vazou na internet. Certamente, quem permitiu que a informação vazasse ou foi responsável por ela, não comunga com a ideia. 

Dispensável 

O documento possui 40 páginas e sugere o uso de hidroxicloroquina e outra sem o medicamento, mas em ambos com o uso de ivermectina, vitamina D, Zinco e Quercetina. Além disso, indica também a quantidade a ser ministrada. A orientação, segundo as corporações, é para médicos e pacientes que optarem por aderir às recomendações. Afirmam ainda que a minuta não vincula e não obriga os médicos militares a adotarem quaisquer protocolos sugeridos, sendo apenas mais um referencial bibliográfico para pesquisas. Pode ser que não, mas soa mal, especialmente, no momento em que Bombeiros e policiais militares e outros profissionais da Segurança Pública de Minas, que estão no grupo prioritário da imunização, começam a ser vacinados. Desnecessário, seria a palavra para resumir esta situação, com todo respeito a gloriosa PM e o respeitadíssimo Corpo de Bombeiros, ainda mais, levando em consideração a ineficácia dos medicamentos.  

Aqui 

Em Divinópolis, esta questão do tratamento precoce contra a covid, ganhou voz na Câmara e muitos comentários e polêmicas nas redes sociais, em grupos de discussão, em meio a classe médica e nas ruas. O vereador Eduardo Azevedo (PSC), irmão do prefeito Gleidson Azevedo (PSC), defendeu em sua fala ao usar a tribuna, o uso do tratamento precoce contra o coronavírus e sugeriu a prática em Divinópolis. Fez coro a um dos principais defensores do uso, o presidente Jair Bolsonaro. “Por que Divinópolis trava uma resistência contra o tratamento precoce”? Questionou, afirmando que dados comprovam a eficácia. Afirmou categoricamente que mais dois mil pacientes já foram salvos no Município. A ciência diz o contrário, mas se tem, a população e as autoridades em Saúde em nossa cidade, exaustas na busca por melhora no atual quadro, sem dúvida, querem saber e conhecer os personagens. 

Recordes 

Enquanto esta discussão continua ganhando adeptos e contrários, os números  relativos à doença no Estado, são cada vez mais assustadores. Minas bateu um triste recorde nesta quarta-feira, confirmando 508 mortes nas últimas 24 horas, o maior número registrado desde o início da pandemia, Divinópolis segue o mesmo passo. Foram 22 mortes confirmadas em dois dias, segunda e terça. A maior quantidade contabilizada também até agora. Quase 95% das cidades de Minas já registraram mortes pela doença. Será que se estes medicamentos fossem realmente eficazes, Minas e o País estariam neste colapso? Fica a pergunta.  

No topo 

E se tem uma classe, que junto a da saúde e segurança, merece todo o reconhecimento durante todo este momento crítico que o Brasil enfrenta há mais de um ano, esta é dos jornalistas. Na véspera em que se comemora o dia deste profissional que exerce uma das funções mais difíceis em se tratando de Brasil, 7 de abril,  a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) divulgou novos dados do dossiê “Jornalistas vitimados por Covid-19”. Os números fazem referência ao primeiro trimestre de 2021, colocando o Brasil como o país com o maior número de mortes pelo novo coronavírus no mundo. O dossiê também mostra que, em três meses de 2021, o número de mortes supera todo o ano de 2020, quando foram registradas 78 mortes de abril a dezembro. Neste ano, são 86 vítimas. Lamentável, mas não causa surpresa em um País que já é o pior do planeta em se tratando dos números da pandemia, e costuma liderar só estatísticas ruins. 



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