Vai ou não vai?

 

Divinópolis, desde setembro, acompanha mais uma vez a novela mexicana chamada “atualização da planta de valores do Imposto Predial e Territorial Urbano”, ou mais conhecido como IPTU. Mais uma vez, o Poder Executivo tenta emplacar a pauta na Câmara e esbarra no midiatismo barato adotado por alguns vereadores. Diferentemente do ano passado, quando tentou pela primeira vez aprovar a proposta no Poder Legislativo, a Prefeitura entrou no jogo e parece que não foi para perder. Afinal, as contas apertaram e os cofres públicos estavam com um rombo de R$ 94 milhões até o dia 1° de novembro. E é como dizem por aí: são R$ 94 milhões, e não R$ 94.

Qualquer cidadão que fizer uma pesquisa rápida verá que as poucas cidades que se mantiveram de pé, diante o confisco promovido pelo Governo do Estado, atualizaram recentemente a planta genérica de valores do IPTU. Mas a discussão tem de ir muito além das redes sociais e daqueles que trabalham para que o povo acredite no que eles querem. O que falta neste momento é senso crítico da população. Quem hoje é oposição ao prefeito, e fala o que o povo quer ouvir, amanhã será situação do governador Romeu Zema (Novo) e terá de defender os interesses do Executivo Estadual.

Quem hoje grita, berra na Tribuna Livre, por pouco não foi situação do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), e também teria de exercer o papel de situação. O momento é mais que delicado, pois vai além, muito além, de lindos discursos que “defendem” os interesses do povo. É preciso que a população se inteire sobre o assunto e escolha o melhor lado. É preciso analisar dados, fatos e a atual conjuntura para tomar uma decisão. Só jogar para a galera e ir na onda dessa galera pode custar muito caro para Divinópolis.

Por um lado, a Prefeitura afirma que, dos mais de 154 mil contribuintes, cerca de 54 mil não serão afetados pela atualização, e que, caso aprovado, o projeto de Lei fará justiça social. Por outro, os vereadores da oposição defendem que este não é o momento ideal para fazer a readequação, visto o momento econômico do país. Quem está com a razão? Essa escolha deve ser feita pelo cidadão. Mas a escolha deve ser consciente, estudada e com base em fatos e números. De discursos bonitos e inflamados, o inferno está lotado.

No meio disso tudo — atualização da planta de valores do IPTU, vídeos, discursos bonitos, oposição, situação, Galileu, Romeu Zema, Prefeitura e Governo do Estado —, está a velha e conhecida politicagem. Quem hoje é pedra, amanhã será telhado. E nessa antiga história de pedra e telhado, cabe ao povo ser autossuficiente para tirar suas conclusões e decidir quem apoiar.

Afinal, este é o momento certo para aumentar o IPTU? Ou, manter uma cidade quebrada e com a planta de valores do IPTU há 25 anos desatualizada é defender os interesses do povo? Esses são os primeiros questionamentos, de vários, que devem ser feitos. Porque uma coisa é político estar em campanha, e outra é ele estar eleito. Uma coisa é político ser oposição, e outra é ser situação.

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