Vai, Divinópolis

Mais uma novela daquelas, com direito a vários capítulos, começa a ser escrita em Divinópolis. E ainda não é a da revisão da planta de valores do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). Desta vez, trata-se da situação da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Padre Roberto. Desde a sua inauguração, em março de 2014, a unidade foi “dona” inúmeras de manchetes em jornais, rádios, TV e portais da cidade, região e até do estado. Além disso, a unidade de saúde foi alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), instaurada na Câmara em dezembro de 2017, que investigou, investigou e investigou, e, no fim, constatou o que todos já suspeitavam. A unidade foi ainda mira de ameaças de intervenção do Conselho Regional de Medicina (CRM), sem contar os inúmeros riscos de greve dos sindicatos, por falta de condições de trabalho e a superlotação.

A UPA foi também motivo de os divinopolitanos sentirem saudades do antigo Pronto-Socorro Regional, que ficava ali na avenida Getúlio Vargas, esquina com rua Rio de Janeiro. Mas, diz o velho ditado que “águas passadas não movem moinhos”. Em pouco mais de cinco anos de inauguração, escassas foram as razões para comemorar a abertura da unidade, que agora enfrentará um novo drama: a mudança de gestão. A alteração ainda não ocorreu, mas já traz preocupação e dor de cabeça para quem tem apenas o Sistema Único de Saúde (SUS) como porta de entrada para utilizar em caso de urgência e emergência. Tudo começou no fim de maio deste ano, quando a transferência dos servidores efetivos da unidade para as UBSs foi anunciada. Até a Justiça foi acionada, mas, ainda  em vão. As transferências ocorreram e, agora, 229 funcionários não sabem ao certo o seu destino. Além de terem que se preocupar com o futuro, precisam se atentar ainda a outro detalhe: eles receberão seus acertos trabalhistas? A Santa Casa, que tem uma dívida de mais de R$ 20 milhões, pagará os direitos?

Esta é somente a ponta do iceberg. O futuro dos trabalhadores, acertos trabalhistas, quem vai pagar e a transferência dos servidores são apenas uma parte do problema. A população deve estar atenta ao novo modelo de gestão que será adotado na unidade, em que “menos é mais”. O questionamento é: como fazer mais com menos, em um setor já tão assolado pela falta de recursos? Afinal, saúde é gasto ou investimento?

Como acreditar na afirmação de que o custo será reduzido de R$ 2,3 milhões para R$ 1,6 milhão não afetará o atendimento? Aliás, tem como piorar algo que já é ruim? Sim, tem! Pois nada é tão ruim que não possa piorar. E como não se assustar, ou no mínimo questionar, se com R$ 2,3 milhões já está ruim, imagina com R$ 1,6 milhão? Já reduziram a quantidade de leitos, e agora vão diminuir o número de funcionários e de especialidades. Fazem isso e ainda garantem que o atendimento não será prejudicado. Assim como Vladmir Azevedo (PSDB) garantiu, em 2014, que a UPA era o melhor investimento para a saúde pública de Divinópolis.

Apertem os cintos, senhoras e senhores, pois vem mais confusão por aí. Quem viver, verá!

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