Vacinas são esperança em médio prazo

Mesmo com avanços de testes, medidas de prevenção ainda são cuidados obrigatórios; ocupação de UTIs não covid preocupa

Da Redação

Cientistas de todo o mundo estão mobilizados na busca de um medicamento contra a covid-19. Diversas vacinas continuam em desenvolvimento, mas, antes de chegarem ao público geral, precisam passar por testes para comprovar sua eficácia e avaliar os possíveis colaterais. São Paulo, por exemplo, começou ontem a 3ª e última fase de testes da vacina produzida por um laboratório chinês.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), existem, até o momento, 23 vacinas em desenvolvimento que já concluíram as duas primeiras fases de testes e outras 142 em estágio inicial de testes

Esperança

Para avaliar a eficácia do medicamento, voluntários de seis estados do Brasil ‒ São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná ‒ serão monitorados ao longo dos próximos três meses. Metade receberá duas doses imunizante e a outra metade será vacinada com uma substância sem efeito. Apenas profissionais da saúde que ainda não tiveram a doença e que atuam com pacientes diagnosticados com covid-19 vão participar.

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou ontem que, caso haja aprovação até outubro, em novembro o Instituto Butantan já deverá estar apto a produzir 120 milhões de unidades. A previsão é otimista.

No início da semana, o diretor do Butantan, Dimas Covas, falou sobre o processo, que deve custar ao governo R$ 85 milhões.

— A partir do fechamento do estudo, que deve acontecer em setembro, entramos na fase de acompanhamento, que é muito contínua. A qualquer momento, a partir daí, poderemos ter a  abertura parcial do estudo que indique a sua eficácia. Se esse estudo for concluído antes do final deste ano – e essa é uma expectativa real – poderemos ter essa vacina disponível para a população brasileira já no início do próximo ano — afirmou.

A CoronaVac é uma das vacinas em estágio mais avançados de testes contra o coronavírus. Ela encontra-se na terceira e última fase, conhecida também como “etapa clínica”, na qual humanos passam a ser testados. 

Com a disponibilização gratuita do medicamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS), afirma o diretor do instituto, o país pode ser pioneiro na vacinação em massa.

— Podemos ter aqui no Brasil a primeira vacina a ser usada em massa. E, em termos temporais, isso é muito favorável. Estamos no meio de uma epidemia, temos muitos casos e esse é o cenário ideal para testarmos essa vacina — completou Dimas Covas.

O boletim do Ministério da Saúde desta terça-feira apontava para 2.159.654 casos confirmados da doença e 81.487 mortes.

Alternativa

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) também está envolvida no combate à doença. O órgão brasileiro firmou um acordo para a compra de lotes e a transferência de tecnologia para a vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford, no Reino Unido.

Os resultados da primeira e segunda fase, após teste em mil participantes no Reino Unido, apontam que a imunização é segura e capaz de estimular anticorpos contra a covid.

— Caso a vacina se mostre realmente eficaz, por sermos uma referência na região e termos larga capacidade produtiva, o acordo com a AstraZenica ainda nos coloca a possibilidade de sermos responsáveis pelo fornecimento da vacina para a América Latina — afirma a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade de Lima

O processo, porém, ainda depende de mais estudos, de produção de lotes, registro e validação antes do início da distribuição, como conta vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, Marco Krieger. 

— A população brasileira tem características próprias e temos avançado muito na pesquisa clínica. É importante testarmos as vacinas considerando tanto as variações genéticas da nossa população, como as variantes de vírus que têm circulado no país. Isso vai nos garantir uma segurança muito maior do que se tivéssemos incorporando uma vacina testada em outras condições e com outro perfil de população — comenta.

Sem vacina, com máscara

Desde o início da pandemia, o secretário de Saúde de Divinópolis, Amarildo Sousa, vem alertando que, sem a vacina ou qualquer medicamento comprovadamente eficaz contra a doença, cabe aos moradores seguirem as orientações da autoridades de saúde, como o uso obrigatório de máscara, a constante higienização das mãos e o respeito ao isolamento social.

O responsável pela pasta voltou ontem a falar sobre a importância de melhorar os atuais indicadores, como o isolamento social (35%) e o ritmo de contágio (1,24).

— Ainda precisamos aumentar nossa taxa de isolamento e diminuir nossa taxa de RT. Estamos numa situação boa, não digo sem alerta, mas boa no que diz respeito aos leitos covid, mas os que não são de covid estão com uma taxa de ocupação mais alta, isso é reflexo do não isolamento — recomendou.

Ele ainda citou que, sem o isolamento, a tendência é de aumento no número de acidentes de trânsito e outros incidentes, responsáveis por aumentarem a demanda por leitos. Atualmente, a taxa de ocupação das UTIs para pacientes sem coronavírus está em 78%.

— Para que a gente atinja esse platô de estabilização da infecção da covid-19 sem prejudicar os atendimentos de outros agravos de saúde é preciso que a gente reforce o isolamento social, saia de casa apenas quando necessário e faça o uso constante da máscara — informou.

Divinópolis conta atualmente com 4.961 casos notificados da doença. Desses, 878 foram testados: 559 positivos (474 já recuperados), 308 negativos e 11 em análise. A taxa de ocupação dos leitos específicos de UTI para pacientes com quadro sintomático de covid está em 30,9%, com 37 pessoas em enfermarias e 29 em UTIs.

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