Vacinação é única maneira de manter poliomielite erradicada

Da Agência Minas

Neste dia mundial de enfrentamento à pólio, 24 de outubro, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) reforça a importância da vacinação e os cuidados para manter a eliminação da doença em Minas e no país. A data também tem por objetivo lembrar a população de que a paralisia infantil, doença causada pelo polivírus, ainda é um risco para a saúde em outros países.

O Brasil está livre da poliomielite desde 1990. Em nível internacional, é considerado área livre de circulação do polívirus desde 1994, com a certificação concedida pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas). Manter essa condição há 28 anos, segundo a referência técnica em Paralisias Flácidas Agudas e Poliomielite, Fernanda Barbosa, é resultado do permanente compromisso de todos em evitar a reintrodução do vírus.

— Essa grande conquista é compartilhada por países e parceiros. No entanto, o polivírus, causador da poliomielite, ainda circula em alguns países do mundo, como Afeganistão, Paquistão e Nigéria. Enquanto houver circulação do vírus selvagem ou do vírus derivado vacinal em qualquer outro país, associada às baixas coberturas vacinais, há risco de reintrodução da pólio em nosso território — observa Fernanda. 

— Como a poliomielite não tem cura e pode deixar sequelas permanentes, devemos evitar a reintrodução da doença em nosso estado e a vacinação é o único meio para isso. Devemos manter altas as coberturas vacinais com a Vacina Inativada de Poliomielite (VIP), com administração de três doses nas crianças aos 2, 4 e 6 meses e reforço com duas doses da Vacina Oral de Poliomielite (VOP), aos 15 meses e 4 anos. É considerado protegido o indivíduo, maior de 5 anos, que tenha tomado, pelo menos, cinco doses da vacina contra a doença — explica.

Como medida para sistematizar as ações e os procedimentos essenciais, a SES-MG está elaborando o Plano Estadual de Resposta a um Evento de Detecção de Poliovírus e um Surto de Poliomielite.

— É de suma importância o estado se preparar para que as ações sejam oportunas, diante do risco de importação de poliovírus selvagem a partir do Paquistão, Nigéria e Afeganistão. A elaboração do plano será realizada até o final de 2019 e, em 2020, daremos continuidade, com atividades de divulgação e capacitação das equipes no estado — esclarece Fernanda Barbosa.

Cobertura

Em 2019, até o momento, a cobertura vacinal contra a poliomielite em Minas, em menores de 1 ano, está em 85,5%. Em crianças de 15 meses, a imunização abrange 80,8% e, em crianças de 4 anos de idade, a cobertura é de 76,5%. Segundo a coordenadora estadual do Programa de Imunizações da SES-MG, Josianne Gusmão, foram realizadas diversas ações no estado, com objetivo de aumentar a cobertura vacinal em crianças menores de 5 anos.

— A SES-MG reforçou as ações para alcançarmos a meta de imunização (95%) e evitar a doença. Entre elas, destaco a elaboração e divulgação de alertas via e-mail, para cada Unidade Regional de Saúde (URS), com os dados de cobertura vacinal e risco de cada município para monitoramento e acompanhamento; a realização de oficinas de vigilância das coberturas vacinais e qualidade dos dados de imunização com as 28 Unidades Regionais de Saúde; manutenção de contato direto com a Atenção Primária à Saúde, Programa Saúde na Escola e Secretaria de Estado da Educação (SEE); avaliação dos relatórios de regularidade e oportunidade de transmissão/alimentação das informações em imunização enviados bimensalmente pelas URSs; e elaboração de documentos técnicos com estratégias para melhoria das coberturas vacinais e Vacinação em Escolas — enumera.

Risco

Como a pólio continua endêmica em três países - Afeganistão, Nigéria e Paquistão-, até que a transmissão do poliovírus seja interrompida nessas regiões, todos as outras nações permanecem em risco de importação da doença, devido ao grande deslocamento de pessoas.

Diante disso, a coordenadora estadual do Programa de Imunizações da SES-MG, Josianne Gusmão, reforça que, para os brasileiros que forem se deslocar para regiões com circulação do polivírus, a recomendação do Ministério da Saúde é de que estejam com a sua situação vacinal atualizada, conforme as recomendações do Calendário Nacional de Vacinação.

— Em caso de viagens internacionais, recomenda-se que o viajante procure os serviços públicos de imunização para avaliação e atualização do cartão de vacina, quando necessário. Para os turistas estrangeiros que venham ao Brasil, a recomendação é que estejam com o esquema de vacinação completo para poliomielite, de acordo com as recomendações adotadas no país de origem — finaliza.

Pólio

A poliomielite é uma doença altamente infecciosa, causada pelo polivírus, que invade o sistema nervoso e pode causar paralisia total em questão de horas. O vírus é transmitido de pessoa para pessoa, principalmente através da via fecal-oral ou, menos frequentemente, por um veículo comum (por exemplo, água ou alimentos contaminados) e multiplica-se no intestino. Os sintomas iniciais são febre, fadiga, dor de cabeça, vômitos, rigidez do pescoço e dor nos membros. Uma em cada 200 infecções leva à condição de paralisia irreversível (geralmente nas pernas). Entre os paralisados, 5% a 10% morrem quando seus músculos respiratórios ficam imobilizados.

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