Vacinação de crianças pode ficar para 2022

Ministério da Saúde aguarda autorização da Anvisa; em Divinópolis fila para crianças e adolescentes é gigantesca

Matheus Augusto 

Apesar do otimismo da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) em iniciar a vacinação de crianças neste ano, o cenário não deve se concretizar. O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, explicou, na semana passada, que as crianças devem entrar no cronograma de vacinação em 2022, desde que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorize o uso de algum imunizante. Segundo ele, no país, esse público, de menores de 12 anos, soma cerca de 70 milhões de brasileiros.

Ainda não há, no país, pedido à Anvisa para liberação de vacinas em crianças. Essa solicitação existe, por exemplo, nos Estados Unidos, feita pela Pfizer, após o anúncio de resultados promissores. 

Em termos gerais, a prioridade do Ministério da Saúde é aplicar dose de reforço em pessoas entre 12 e 59 anos, e uma dose por semestre em pessoas acima dessa faixa-etária.

 

Disponibilidade

O Ministério da Saúde apresentou, na sexta-feira, 8, o programa de vacinação contra covid-19 para o próximo ano. Em negociação para aquisição de novas doses, o governo federal espera disponibilizar 354 milhões de imunizantes ao longo de 2022. 

— Para isso, serão adquiridas 120 milhões da AstraZeneca e 100 milhões da Pfizer. Outras 134 milhões de doses serão de saldo de contratos de 2021 — detalhou.

Com o fim da pandemia, esperado para o próximo ano, imunizantes que possuem apenas autorização para uso emergencial não poderão ser usados fora do ambiente pandêmico. Segundo o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Rodrigo Cruz, essa norma é regulamentada pela Resolução RDC nº 475, de 10 de março de 2021, que estabelece os procedimentos e requisitos para submissão de pedido de autorização temporária de uso emergencial (AUE).

— A figura da autorização para uso emergencial, seja medicamentos ou vacinas, só faz sentido em um ambiente pandêmico. Portanto, quando se decreta o fim da pandemia, ou da Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional, a chamada Espin, deixa de existir essa figura. Como a gente está falando em 2022, tudo isso deve ser considerado no nosso processo de planejamento — contou Rodrigo.

Por isso, a preferência pela compra de AstraZeneca e Pfizer, que já possuem registro definitivo na Anvisa.

 

Economia

O investimento estimado é de R$ 11 bilhões. De acordo com o relatório divulgado pela Comissão Nacional De Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), que indicou que a aquisição da AstraZeneca e Pfizer geraria, em cinco anos, uma economia aos cofres públicos em torno de R$ 150 bilhões.

— O mundo ainda não sabe qual é a forma mais adequada para a vacinação em 2022. Importa dizer que teremos vacinas disponíveis para reforçar a imunidade dos brasileiros. Vacinas, inclusive, sendo desenvolvidas em solo nacional. O estudo na Conitec mostra que as vacinas AstraZeneca e Pfizer são muito custo-efetivas e criam um impacto decremental no orçamento público. Então, vacinar a população contra a covid-19, além de salvar vidas, é muito custo-efetivo para o nosso sistema de saúde — afirmou.

 

Mudanças

A partir de janeiro, anunciou o órgão, a prioridade será estabelecida exclusivamente por idade.

A pasta prevê aplicar mais duas doses na população acima de 60 anos, com intervalo de seis meses; mais uma dose de reforço na população até 59 anos; e a possibilidade de ampliar o público-alvo da campanha. A lógica da vacinação em 2022 deixará de seguir o critério de grupos prioritários para considerar a imunização por faixa etária decrescente — explicou.

A expectativa do ministro Marcelo Queiroga é superar os problemas de logística e distribuição enfrentados neste ano e, em 2022, oferecer um volume consistente e frequente aos estados.

— Todas as estratégias adotadas pelo governo federal conferem a esta campanha de vacinação contra a covid-19 o status de a maior campanha que o Brasil já registrou em toda a sua história. E entraremos em 2022 ainda mais fortes. O ano de 2021 nos deu preparo, confiança, segurança, e nos conferiu capacidade para produzir vacina em solo nacional. Asseguramos que todos os brasileiros terão, ano que vem, uma campanha muito mais eficiente — prometeu.

 

Enquanto isso…

Nove meses após o início da imunização, filas de carros ainda se formam nos postos de vacinação em Divinópolis. Após o feriado, a Prefeitura retomou ontem o processo de imunização, incluindo adolescentes de 12 anos. E, novamente, o que se viu foi uma longa fila de espera, especialmente no sistema drive-thru. Segundo a Prefeitura, o problema ocorre pelo desrespeito de algumas pessoas em seguir o horário agendado. E não são apenas chegar uma, duas horas, antes. Há quem, mesmo com a vacina marcada para o período da tarde, tenta se vacinar pela manhã, atrasando o processo. 

O tempo de espera ontem variou entre 2h30 e 3h, conforme pessoas que estiveram no Centro Administrativo. 

Hoje, a imunização segue das 8h às 16h. No Pátio da Emop haverá aplicação da 1ª dose para adolescentes e 2ª dose para agendados e atrasados de Pfizer. O Divinópolis Clube será restrito para a 2ª dose de AstraZeneca, tanto de atrasados quanto agendados. Já no Centro Administrativa, na sede da Prefeitura, o drive-thru recebe adolescentes para a 1ª dose. A Secretaria de Saúde (Semusa) esclarece que dose de reforço, adicional e vacinação de adolescentes precisam ser agendadas por meio do site oficial.

 

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