Um feedback maravilhoso

Antônio de Oliveira

Por sua natureza, nas profissões que lidam diretamente com o ser humano, ao corpo se sobrepõe o espírito. Portanto, de exercício sobremaneira honroso. Estamos no campo da “construção civil” de seres humanos. Caso do magistério, complexa área do ensino e da educação, que não está imune ao estresse nem no docente nem no discente. O caminho do saber não está isento de ansiedades nem depressões.

Em tempos de coronavírus, sem praticamente o ensino presencial, dá-se o contrário: distantes da sala de aula, estressados estão pais, professores, alunos. Enfim, o campo da educação cingiu-se ao virtual. De grande proveito, sim, mas com suas limitações. A pedagogia da presença é importante.

Retomando a ideia dessa importância, ocorre-me uma analogia, a título de reflexão. O educando não é argila manipulável conforme o desejo, a criatividade ou escolha do oleiro, por mais magistral que seja. O educando é de um barro vivo, vivificado pelo sopro do espírito, dotado de vontade própria pelo Grande Oleiro de Adão. Formar para a cidadania é exercitar também em grupo, no recreio, no para casa, na inclusão social, na convivência, na arte, na ética assumida. Um exercício que não termina, uma aprendizagem que nos acompanha a vida toda. Ensinar é ensinar a aprender, a pescar, a ter ideias próprias...

Há testemunhos que nos deixam boquiabertos, a nós, professores. Uma ocasião me foi encaminhado um cartão anônimo. No anverso, uma gravura com a legenda “Acende a lâmpada do Amor com a tua vida”, de Tagore. No verso, manuscrito: “26-10-76. Eu vinha cansado da vida. Castigado pelo sol, pelo vento, pela areia. Tudo que em outras circunstâncias me favoreciam, agora me era adverso. Peregrino sem rumo certo vinha teimando contra a própria vida até que me encontrei com você professor”.

Terminada a leitura, lembrei-me da oração de São Francisco e do professor, professora, como instrumentos de paz... Assim seja. E de volta às aulas tão logo haja condições. 

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