Tudo por dinheiro

Editorial 

Dois escândalos ‒ que vieram à tona no fim da última semana e no início desta ‒ são a comprovação de que não existe o tal do “crime perfeito”. Muita gente crê nisso, não resta dúvida, mas principalmente por acreditarem na certeza da impunidade, já enraizada no Brasil. Esta certeza vem, principalmente, de quem acha que o “poder” o livrará ou o acobertará. Mas sabemos que não é bem assim, visto que “a mentira só dura enquanto a verdade não aparece”.

E foi assim com um líder religioso da Igreja católica, acusado de desviar milhões de doações dos fiéis para adquirir um patrimônio milionário e ainda beneficiar pessoas próximas. E também com uma deputada federal, que se fez de vítima o tempo todo, porém, teria arquitetado o assassinato do próprio marido, um pastor no Rio de Janeiro, com apoio de seis filhos e uma neta. No primeiro caso, foram três anos de investigações, no dela, apenas um e uma conclusão: por mais bem arquitetados que sejam, definitivamente, não existem “crimes perfeitos”. 

E isso traz um certo alívio para familiares de milhões de vítimas Brasil afora ‒ e para quem, do lado de cá, assiste atônito revelações macabras inimagináveis. Fim do mundo, como afirmam estudiosos e conhecedores da Bíblia? Pode ser, mas, sem dúvida, sobretudo, um dos males da humanidade: a ganância por dinheiro. Seriam crimes como estes cometidos se não fosse por isso? Talvez. No entanto, com certeza com bem menos frequência e tanta crueldade.

Lamentavelmente, o homem coloca o dinheiro hoje acima de tudo em sua vida. O que o tornou egoísta, dominador e, mais do que isso, cruel. Além disso, na maioria das vezes, os prejudicados são aquelas pessoas mais necessitadas, mais desprovidas de benefícios, mais frágeis. E não pense que estes casos medonhos estão longe na nossa Divinópolis. Por aqui, ao menos dois nos últimos tempos ‒ não iguais aos citados acima, mas que nem por isso deixam de ser crimes covardes ‒ foram praticados.

Tudo isso para quê? Para ter uma conta gorda no banco, um carro de luxo, esbanjar em viagens escancarando fotos nas redes sociais, enfim, para levar uma vida que não teria condições com seu faturamento normal. A necessidade de mostrar o que não possui, de se equiparar ao padrão de vida do outro, de acompanhar fulano de tal nos eventos da alta sociedade vem fazendo o homem trocar o amor pela ganância. Atitude que causa ainda mais sofrimento em quem já vive mergulhado nele.

E para isso vão passando por cima de tudo e de todos igual um trator. Porém a pergunta que fica é: vale a pena trocar pouco ou médio tempo ‒ porque a descoberta vem, ah, se vem ‒ por um escândalo generalizado, pelo nome na lama e pela falta de paz o resto da vida? O tal de “seja eterno enquanto dure”, neste caso, é muito pior do que em uma desilusão amorosa. Neste caso, a maior parte dos envolvidos reconstrói a vida e volta a ter tranquilidade e felicidade. Mas, no outro, tem o dedo apontado aonde for e nunca mais é visto com bons olhos. Para quem não se importa e acha normal, ótimo, vá fundo. Mas, para os que ainda acreditam que o dinheiro não compra tudo, é bom pensar muito bem antes de sair por aí “passando a perna em todo mundo”. E tenha certeza, nesta situação, “quem avisa amigo sempre é”. 

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