Tudo pelo voto

Editorial 

Que 2020 está sendo um ano atípico, isso ninguém discorda. A população encara uma pandemia, nunca antes vista por estas bandas brasileiras e, como se não bastasse, é ano de eleições municipais. Ou seja, tem muita informação para ser processada neste segundo semestre. Como todos já estão “carecas de saber”, o coronavírus tirou o mundo do eixo. A humanidade teve que reaprender a viver e a situação exigiu muito, mas muito mesmo dos políticos. Decisões drásticas e impopulares tiveram que ser tomadas em nome do bem-estar coletivo. Afinal, no conflito entre o direito individual e o coletivo da sociedade à saúde pública, deve prevalecer o dever do Estado de proteger a população. 

Em meio à covid-19, direito individual, coletivo, sobrevivência, emprego, economia, mercado e muitos outros fatores, Divinópolis tem seus vereadores, que fazem das informações que chegam a todo instante uma forma de surfar na primeira “onda” que aparece. Depois do dia 15 de março, quando a Prefeitura determinou o fechamento do comércio e de outros segmentos, os parlamentares apoiaram integralmente a atitude do Executivo, afinal, Divinópolis era a primeira cidade de Minas Gerais a ter um caso de coronavírus confirmado. Naquela época, não havia motivos para não apoiar a decisão. Mas aí o tempo foi passando, os trabalhadores pressionando, e alguns vereadores mudaram de lado. Esqueceram-se que se trata de um vírus que tem alta letalidade e partiram para as críticas sobre manter tudo fechado. 

Novo discurso alinhado, os edis se posicionaram na defesa da reabertura do comércio, esquecendo-se que tinham “responsabilidade política”, ou seja, o dever de legislar, de reivindicar aquilo que fosse melhor para a população. A Prefeitura reabriu o comércio, o que foi justo, afinal, o município não está em seus melhores momentos econômicos para a postergação do fechamento por mais tempo. Bastou a nova decisão para que os vereadores ficassem perdidos, pois qual seria a pauta da vez? Sem rumo certo, começaram a fazer o que fazem de melhor: atirar pedras e apontar o erro do outro. Isso sem a apresentação de nenhuma proposta adequada ao momento. O resultado? Discursos ficam cada vez mais amadores e sem nexo. Assim, estava aberto momento “Quem inflama mais a situação”. Algumas falas chegam a preocupar, pois podem ser nada mais, nada menos do que “gatilhos” para a população já atormentada pisicologicamente. 

Na última semana, Divinópolis entrou na onda amarela do programa Minas Consciente do Governo do Estado e o prefeito autorizou os ônibus a circularem com 50% de sua capacidade com passageiros em pé. A decisão foi a gota d’água para que os parlamentares já se aprontassem para os seus habituais teatros. Sem qualquer responsabilidade ou domínio sobre o assunto, começaram a “jogar para a galera”, em busca de seus famigerados votos, mostrando que quando se trata da covid-19 a responsabilidade e a ética vinda da Casa Legislativa, na sua maioria, é zero. É triste, mas está valendo tudo por um voto, inclusive colocar a coletividade em risco. É bom o eleitor começar a ficar atento, pois nem tudo que reluz é ouro. Nem todo discurso bonito é o que uma cidade precisa. Aliás, quando se fala muito, a produção deixa a desejar.  

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