Tradições familiares inspiram clima de união para a Copa em Divinópolis

Esperançosos com possível título, moradores decoram ruas (Fotos: Vitor Correia)

Acsa Alves 
Ana Flávia Dias
Christiane Vespucio
Samara Nathalia
Vitor Correia

Diferentemente de outros anos, a decoração nessa Copa do Mundo não tomou conta de Divinópolis. Nas residências e comércios a onda verde e amarela está mais tímida. Além disso, a realização das festas juninas contribuiu para que o clima do mundial demorasse a chegar à cidade.

Os enfeites começaram a aparecer há poucos dias antes do início da competição. Em anos anteriores, muitas ruas já estavam enfeitadas com as cores nacionais. Conversando com quem acompanhou a Copa de 1994, ano do tetracampeonato, percebe-se que prédios e ruas foram personalizados partindo de uma ação espontânea e otimismo contagiante da torcida.

Em contrapartida, as tradições familiares ainda permanecem. Muitas pessoas continuam a valorizar esse costume e curtem intensamente o clima dos jogos na torcida pela Seleção.

Os pequenos comerciantes enfeitaram suas lojas com artigos confeccionados por eles mesmos, muitos feitos com papel e balões. Já os postos de gasolina e grandes lojas varejistas investiram um pouco mais, mas nada comparado ao que foi feito em uma lanchonete no centro da cidade.

Mesmo com a falta de interesse da população em se caracterizar com as cores do Brasil, o empresário Mauricio Gonçalves, de 41 anos, decidiu inovar pintando o prédio inteiro com a bandeira do Brasil. Apaixonado por futebol desde criança, conta:

— Eu gosto demais do Brasil e amo futebol. Uma coisa leva à outra. É o que acontece dentro de mim. Corre na veia.

De acordo com o empresário, antigamente toda casa tinha uma bandeira do Brasil e isso foi acabando com o tempo. Para ele a decoração é importante, pois traz alegria para as ruas e principalmente para as crianças, que ficam encantadas com a cidade enfeitada.

Casais aproveitam o mundial (Foto: Vitor Correia)

— Independente do comércio eu sempre vou fazer isso. Faz parte da minha vida, por amar tanto o futebol — explica.

O ato de decorar pode estar relacionado diretamente a uma tradição cultural. Segundo Monique Oliveira, 17, uma das frequentadoras da lanchonete, é importante preservar esse costume na cidade.

— Na intenção de mostrar que somos brasileiros e que estamos torcendo muito pela vitória, é muito importante utilizar adereços e vestimentas e, se possível, ter uma bandeira em casa.

Um exemplo dessa antiga tradição é a família de Nair Maria de Oliveira. Com 85 anos, ela ainda faz questão de reunir os parentes em sua casa e celebrar o clima da Copa.

Família e costumes

Famílias repassam tradição (Fotos: Vitor Correia e Maryana Oliveira)

A casa dela sempre recebe todos os familiares, sendo 13 filhos, mais de cinquenta netos e ainda seus bisnetos. Nessa edição da Copa, o espaço foi decorado com a ajuda de todos.

— Aqui na minha família é bem cultural. Tudo que é época a gente reúne a família, enfeita a casa. É Copa? A gente enfeita todo mundo. Todos vestem a mesma camisa — conta Maryana Oliveira, 21, neta de Nair.

A decoração para a Copa, além de trazer um clima de alegria, também contribui para o fortalecimento dos laços familiares. No caso de Dona Nair, seus filhos e netos se esforçam para estarem sempre reunidos em datas comemorativas, já que ela possui limitações motoras. Mas mesmo com tais dificuldades, a senhora está sempre presente nas festividades.

A decoração na casa de Nair começa a ser feita muito antes do início do mundial. Ela faz questão de enfatizar seu amor na preparação para a Copa do Mundo.

— É preciso ter um Brasil alegre, satisfeito e bonito igual está — e ainda brinca — É preciso mais gols para melhorar né? É importante — acreditando na vitória da Seleção.

Contudo, mesmo com o entusiasmo da família, algumas pessoas não possuem a mesma paixão pelo futebol e consequentemente não se preocupam em enfeitar suas casas, estabelecimentos ou até mesmo as ruas onde moram.

 

Reportagem produzida como trabalho da disciplina "Cobertura Jornalística e Redação 2" do curso de jornalismo da Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg) em Divinópolis.

Edição geral: Thales Lelo

 

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