Torre de babel

É a colocação ideal para a situação vivida em Divinópolis em relação ao Camelódromo.  No caso da torre, cada um falava uma língua. Sem se entender, cada povo tomou um rumo, desistindo da construção. Por aqui não está muito diferente. O idioma é só um, mas o desencontro de informações supera o dos personagens da torre real no século 6 antes de Cristo. A Prefeitura fala que concordará com a proposta da Comissão Especial (CE) formada na Câmara; no outro dia, o representante da CE diz que não procede; mais tarde, lideranças dos ambulantes afirmam não aceitar nem uma coisa nem outra. Realmente, desse jeito é impossível transmitir uma informação correta. É incrível. Nem em momentos importantes como este há sintonia entre a comunicação dos dois poderes.

O desencontro

A Justiça definiu na primeira e segunda instâncias que as alegações da Prefeitura para tirar os ambulantes do espaço atual, quarteirão fechado da rua São Paulo, procedem. A partir daí, o Legislativo ganhou respaldo para não alterar a data estipulada para a saída deles, 1º de dezembro. Foi então que decidiu não fazer o acordo a pedido da comissão da Câmara e dos vendedores para que a transferência ocorresse somente após o Natal. Bastou o Agora publicar esta informação repassada pela Diretoria de Comunicação da Prefeitura para a coisa começar a ferver. Resumindo: a cúpula do Executivo tomou a decisão de aceitar a proposta do líder do prefeito Eduarado Print Jr. e não comunicou à Comunicação. Agora, adivinha se é a primeira vez. Diante disso, não tem sentido todas as informações do Executivo terem obrigatoriamente que passar pela assessoria de comunicação, concorda?

Vai ceder

Pelo cenário e agito ontem com participação dos envolvidos no processo, a Prefeitura vai ceder à pressão e adiar a retirada dos ambulantes do quarteirão. Foram diversas reuniões e correria para ajeitar os trâmites já que o prazo é curto. Restam apenas duas semanas para vencer a data estipulada pelo Município anteriormente. E não adianta resistir. Na religiosidade tem frase que diz o seguinte: “quem não vai pelo amor, vai pela dor”. Na política, não se tem alternativas. Vai pela pressão e pronto!

Mico do ano

Que papelão! A cena mais constrangedora da conquista da Libertadores pelo Flamengo em cima do  River Plate da Argentina não foi protagonizada por nenhum jogador e muito menos por algum torcedor nas arquibancadas. Foi um chefe de Estado que, por sinal, é juiz de direito. Em pleno gramado do estádio Monumental de Lima, o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, se ajoelhou diante de Gabigol, autor dos dois gols que deram o título ao Rubro-negro, que simplesmente o desprezou. Saiu andando, sem dar a mínima atenção. Acho que, por algum momento, ele se esqueceu que estava rodeado de fotógrafos e cinegrafistas da imprensa brasileira. Ficou constrangido e envergonhado. Mas também pudera, se prestar a uma cena ridícula desta, e pior: a qualquer um. Sem tirar os méritos do jogador, mas não era para tanto, muito menos para uma pessoa pública que representa tanta gente. O motivo é ainda pior: futebol. Um vexame. Também não poderia se esperar muito de quem vibra com a morte do próximo. Triste, mas não de se estranhar em se tratando de Brasil.

Para piorar

Enquanto os jogadores se esbaldavam em cima do trio elétrico, torcedores alcoolizados protagonizaram cenas lamentáveis no chão. É da cultura do brasileiro, infelizmente, não saber festejar de forma saudável e não aceitar perder. Quando são submetidos a estas duas situações, partem para agressões verbais e físicas. Mas, também, vivem em um país onde a educação e a cultura são estádios de futebol lotados. Não dá para exigir muito. Além disso, a certeza da impunidade estimula esse tipo de vândalo a cometer atrocidades e ainda rir da polícia. Não sei o que é pior, a falta de vergonha na cara deles, ou dos que deveriam servir de exemplo. O certo é que uma coisa puxa a outra.

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