Tolerância zero

Tolerância zero 

2021 está próximo de chegar ao fim e, se o povo brasileiro está pensando que 2022 será um ano mais tranquilo, por causa do “controle” da pandemia de covid-19, é como dizem por aí, “não sabe de nada, inocente”. O país terá eleições majoritárias e o sossego está longe, mas muito longe de ser desfrutado pela população. Falta pouco menos de um ano para o primeiro turno da disputa, e já tem candidato a todo vapor. E, claro, as promessas são as mais diversas. Os discursos são os mais variados. Em poucas palavras: é tempo de revolta. Sim! Os meses que antecedem o pleito é o tempo em que os candidatos ficam revoltados com tudo: com o contrato do Município com a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), com as obras paradas do Hospital Público Regional, com a construção da Estação de Tratamento de Esgoto do Rio Itapecerica (ETE Itapecerica), e vão para o seu palanque favorito – a internet – fazer os seus falatórios. 

É chegado o tempo da “Tolerância Zero”. O tempo em que os candidatos dizem que não toleram mais isso, mais aquilo, que isso é absurdo, que aquilo é um abuso com o povo e por aí vai. A verdade é que o povo estaria muito bem atendido se todos os discursos que serão feitos de agora até pouco tempo antes de outubro do ano que vem se tornassem realidade. Se o povo analisasse friamente veria que as estratégias eleitorais apenas mudaram de meio, apenas passaram dos comícios, dos santinhos, dos carros de som, para a internet. Apenas e unicamente isso. O comportamento, as estratégias, os discursos, as promessas são as mesmas feitas há anos e anos. E, por mais triste, desolador e desesperador que seja, não há grandes expectativas de mudança. 

Há quantos anos o povo divinopolitano ouve as mesmas promessas, como a de rompimento do contrato da Prefeitura com a Copasa?  Há quanto tempo? A verdade é que passaram as eleições e a “Tolerância Zero” simplesmente desaparece. A Copasa continua com o mesmo contrato, o Hospital Regional continua sem conclusão, e o povo continua sem tratamento de esgoto. Tudo continua lá, “intacto”, ano após ano, eleição após eleição. E talvez a grande questão nisso seja: por quê? Por que vivemos em um ciclo vicioso infinito, ano após ano? Quem está errado nisso tudo? Os candidatos ou os eleitores? E, vamos um pouco mais além, quem conseguirá romper este ciclo vicioso?  

Queremos evolução, mas não conseguimos evoluir o nosso modo de olhar, a nossa crítica, o nosso raciocínio. Não conseguimos sequer fazer uma escolha importante sem nos deixar levar pelos discursos apaixonados e pelas promessas vazias, mesmo com a realidade bem ali, esfregada em nossa rotina. Que venha 2022 e seus palanques eleitorais, seus discursos e suas promessas. Que venha um futuro, igual ao presente, pois seguimos incapazes de resistir à paixão e dar lugar à inteligência. Pois seguimos acreditando piamente na tal da “Tolerância Zero”.

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