The next day
João Carlos Ramos
A expressão ''the next day'' ou ''o dia seguinte'', em português, é mundialmente famosa. Tornou-se tema popular no filme norte-americano produzido na década de 80, dirigido pelo renomado cineasta Nicholas Meyer.
Ele retrata o cenário do dia seguinte, após o confronto nuclear entre a Rússia e EUA, tendo como palco principal a cidade americana de Kansas, celeiro de armamentos bélicos. Logo, tornou-se sinônimo das consequências chocantes de atitudes individuais ou coletivas. A mensagem de ''o dia seguinte'' é realmente um grande alerta para todas as pessoas.
Uma gravidez indesejada trará consequências, independentemente do ponto de vista familiar ou religioso. Sabemos que existe a famosa "pílula do dia seguinte"...
As festas carnavalescas que possuem grande apelo popular no calendário festivo e turístico brasileiro são outro exemplo daquilo que pode suceder no dia seguinte...
Até o mel em excesso produz o mal. Muitas pessoas, por motivos pessoais ou não, se entregam, sem medidas aos excessos, à devassidão e poderão atravessar linhas divisórias, causando crimes e/ou semeando discórdias, pavor, endividamentos desnecessários e traições. Infelizmente, os abismos cavoucados em seus íntimos, aguardam o sinal verde para o extravasamento ilimitado.
Amigos com ardor intenso se tornam inimigos mortais.
Os meios de comunicação cumprem seu papel, que é o de divulgar e incentivar os "três dias de alegria, sem medo”, se referindo ao famoso Carnaval. Jovens, idosos e crianças se preparam para a grande festa e alguns relembrando o passado, quando famílias inteiras dançavam e pulavam ao som de marchinhas, até certo ponto, inocentes. Hoje, com algumas exceções, diria em um poema meu:
“Ovelhas vão
para o matadouro de ouro...
Carvão se tornarão no dia seguinte...
Jovens belas, de semblante amargurado,
aprisionadas nos cartões de crédito.
Igrejas transbordando de pessoas
aguardando, tristes, a missa de cinzas.
Acompanhado por Manuel Bandeira: "Poema de uma Quarta-Feira de Cinzas''
Entre a turba, grosseira e fútil um Pierrô, doloroso passa. Veste-o uma túnica inconsútil, feita de sonho e desgraça.
O seu delírio manso agrupa atrás dele os maus e os basbaques.
Este o indigita, este outro apupa...
Indiferente a tais ataques,
nublada a vista em pranto inútil, dolorosamente ele passa.
Veste-o uma túnica inconsútil.
Feita de sonho e de desgraça".