Tempos de adeus

Augusto Fidelis

 

Foi com grande pesar que recebi a notícia sobre a morte de três amigas, às quais eu muito admirava e desejava que vivessem para sempre. Infelizmente, nesta vida tudo passa. Só Deus permanece fazendo chover sobre os bons e os maus, não que mereçam, mas porque necessitam da misericórdia divina, independentemente de suas ações.

Ainda no mês de março, fui comunicado sobre o adeus de dona Urquiza de Oliveira, de Carmo da Mata, minha professora no 4º ano do ensino fundamental, no Grupo Escolar Silviano Brandão. Mais tarde, pude fazer o Curso de Admissão e o Ginásio, no Colégio Professor Eugênio Rubião, devido à sua influência e generosidade. Devo a ela boa parte da minha formação.

Dona Urquiza adotou como estilo de vida fazer o bem sem olhar a quem, sem esperar recompensa ou reconhecimento. Infelizmente, a notícia sobre sua morte chegou-me bem depois e, assim, fui impedido de comparecer às suas exéquias. Quisera eu despedir-me da mestra que tanto me ensinou, mas neste mundo nada é perfeito, como sentenciara a raposa em conversa com o Pequeno Príncipe: “Que pena: não há caçadores, mas também não há galinhas”.

No último dia 10, quando eu iniciava viagem para Poços de Caldas, onde participaria da 19ª Convenção do Distrito LC-4 de Lions Internacional, chegou-me a notícia da morte da acadêmica Yara Ferreira Etto. Doutora Yara, enquanto gozou de saúde, viajava com frequência para mergulhar. O interessante é que os médicos também adoecem, às vezes de maneira irremediável. Doutora Yara deixa vaga a Cadeira nº 27, cujo patrono é Rubem Braga.

Em Poços de Caldas, recebi outra notícia arrasadora: Cidah Viana, que criou os Doutores Palhaços de Divinópolis, para provocar lampejos de alegria em meio à dor, fora vítima da doença que ela combatia através da arte. Cidah transformou meu primeiro livro, “O Julgamento da Cigarra”, em peça teatral. Embora muitos digam que ninguém é insubstituível, não acredito que isso possa ser dito em relação a Cidah Viana. Aliás, Divinópolis está carente em todas as áreas, justamente por não encontrar substitutos para aqueles que partiram, como: Ivan Silva, Tio Nelson, Nonô, Jorge Miranda, Carlos Altivo. A lista é quilométrica.

Todo aquele que nasce deseja vida longa. Muitos empreendem extensas jornadas, mas isso tem um preço. Quem vive muito tem de aturar as agruras da velhice e assistir à despedida dos parentes e dos amigos. Cada um que parte é uma pedra retirada do nosso alicerce. Uma pena que tenha de ser assim!

[email protected]

Comentários