Tanqueiros paralisam novamente transporte
Duração prolongada do movimento pode causar desabastecimento de postos com baixo estoque
Da Redação
O Sindicato das Empresas Transportadoras de Combustíveis e Derivados de Petróleo de Minas Gerais (Sinditanque-MG) entrou, ontem, em greve por tempo indeterminado. Em nota, a entidade informou que transportadores de combustíveis e de derivados de petróleo “suspenderam suas atividades a zero”. O protesto é contra o alto valor do diesel.
— Neste momento, todas as transportadoras estão paradas, num total de cerca de 800 caminhões — comunicou.
O principal ponto de concentração foi em uma das principais refinarias do estado, em Betim.
Até o início da manhã de ontem, informou a Polícia Federal Rodoviária, não havia registros de pistas interditadas. O Sinditanque também comunicou que o movimento tem o objetivo de cobrar uma solução do governo e ocorre de forma pacífica.
— Com a movimentação dos tanqueiros, dezenas de viaturas da Polícia Militar estão acompanhando a manifestação, que transcorre de forma pacífica — ressaltou.
A principal cobrança é pela redução do preço dos combustíveis, que tem recebido constantes reajustes.
— Em protesto contra o ICMS dos combustíveis em Minas e os altos custos dos combustíveis praticados pela Petrobras, dois caixões, simbolizando a “morte do frete”, foram colocados na entrada da BR Distribuidora — detalhou.
O movimento também está sendo realizado no Rio de Janeiro e Espírito Santo. Há a expectativa que outros estados, como São Paulo, também participem do protesto.
‘Sensibilidade’
Em vídeo, o presidente do sindicato, Irani Gomes, reforçou o comunicado.
— Cem por cento da categoria de transportadores de combustíveis e derivados de petróleo do estado de Minas Gerais amanheceu hoje [ontem] com os braços cruzados, pois nós não aguentamos mais as altas dos combustíveis — destacou.
Segundo Gomes, a crescente dos preços tem fechado empresas em todo o estado.
— O óleo diesel, hoje, representa quase 70% do valor do frete. As transportadoras estão quebrando. transportadoras que são históricas no estado, de 30, 50 anos, não aguentam mais trabalhar — citou.
Por fim, ele cobra do governo estadual uma solução.
— Pedimos a sensibilidade do governo, mas o governo não está se importando com essa categoria que hoje carrega mais de um terço da economia do estado. Então estamos em greve, com os braços cruzados, até que o governo se sensibilize e olhe para essa categoria — solicitou.
Preocupação
Segundo o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do Estado de Minas Gerais (Minaspetro), caso o movimento dure mais do que 24 horas, há risco de desabastecimento em postos com baixo estoque.
O sindicato também demonstrou apoio à causa defendida pela categoria e destacou empenho na articulação para a redução do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) dos combustíveis. No entanto, registrou preocupação com a forma de protesto, destacando que a greve “não é o caminho ideal para a solução”, podendo prejudicar a população e reforçar a atual instabilidade.
— O setor de combustíveis tem vivido uma intensa crise nos últimos meses, com ameaça de falta de produto pela Petrobras, escalada de preços e instabilidade internacional. A redução do preço dos combustíveis é uma luta antiga do Minaspetro, que tem dialogado permanentemente com o governo de Minas para buscar alternativas para cessar os aumentos do PMPF – base de cálculo para o tributo –, propondo o congelamento do preço de pauta, como já foi realizado por alguns estados da federação — finaliza.