Tanqueiros iniciam paralisação
Postos podem ficar desabastecidos já a partir de amanhã; preços continuam nas alturas
Da Redação
O Sindicato das Empresas Transportadoras de Combustíveis e Derivados de Petróleo do Estado de Minas Gerais (Sindtanque-MG) confirmou, na sexta-feira, 3, que paralisará por tempo indeterminado, desde a meia-noite de ontem, para coincidir com outros atos que ocorrem hoje em todo o país, feriado de 7 de setembro. Assim, o dia será marcado também pela paralisação dos motoristas que transportam combustíveis em Minas Gerais. O ato está marcado para acontecer nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Goiás.
Motivos
Os sucessivos aumentos nos preços dos combustíveis, que têm onerado o orçamento dos consumidores brasileiros em geral, também têm sido motivo de dor de cabeça para os transportadores de combustíveis e derivados de petróleo. O insumo, no caso o diesel, corresponde a cerca de 70% dos custos do frete.
Mas por que os combustíveis são tão caros no país? Para o presidente do Sindtanque-MG, Irani Gomes, entre os principais "culpados" pelos altos preços estão os impostos, principalmente aqueles cobrados pelos governos estaduais, como o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e o Preço Médio Ponderado Final (PMPF).
— Em Minas, há dez anos, a alíquota do ICMS do diesel é de 15%, um dos mais altos do país. Ao longo desses anos, o Sindtanque vem reivindicando a redução desse percentual para 12%. Mas as promessas feitas pelos governos que se sucederam nunca foram cumpridas. No governo Zema (Novo), a indiferença diante das demandas dos tanqueiros tem sido ainda maior — reclama Irani Gomes.
Segundo ele, em um voto de confiança ao governo estadual, os transportadores do setor suspenderam a greve realizada em fevereiro e aguardaram até o fim de julho por uma resposta às suas reivindicações, sem sucesso.
— Após várias reuniões, o governo de Minas não acenou com nenhum benefício, nenhuma melhoria para a categoria. O compromisso de retornar a alíquota do ICMS do diesel para 12% ficou só na promessa. O governador, que já foi dono de distribuidora de combustíveis e sabe da dura realidade que enfrentamos, virou as costas para o setor — criticou.
Estado de greve
O representante dos tanqueiros afirma que a categoria não pretende abrir mão da redução do ICMS do diesel, dos atuais 15% para 12%.
— Estamos em estado de greve e mobilizados para, se necessário, cruzarmos os braços novamente, em um grande movimento, por tempo indeterminado, como jamais visto em nosso estado. Outros estados também vão parar nesta terça — afirma o presidente.
Impasse
E, ainda de acordo com Irani Gomes, a paralisação começa hoje e não sabem até quando durará. Isso já implica nos abastecimentos dos postos de combustíveis.
— A paralisação vai acontecer e já está tendo um desfoque na compra dos combustíveis nas bases e refinarias. Também pela grande procura dos consumidores os tanques na maioria dos postos estão sendo esvaziados. E o pior é que não temos previsão de quanto tempo esse período vai durar — disse o assessor de projetos de uma das maiores distribuidoras de Minas Gerais, Luiz Otavio Santos.
Preços
Enquanto não se sabe o desdobramento do protesto, em Divinópolis, segundo levantamento da Agência Nacional de Petróleo (ANP), realizada na última semana, em 10 pontos de venda, o preço médio da gasolina ficou em R$ 6,39, o mais baixo em R$ 6,25 e o maior em R$ 6,69. Mesmo levantamento, mas em oito pontos de venda, mostra que o custo médio do diesel estava em R$ 4,90, o menor preço em R$ 4,59 e o maior, R$ 5,19.
— Como o mercado de combustíveis é livre e com cada distribuidora comercializando à sua maneira, a pesquisa sempre será uma ótima arma para o consumidor. E, se o carro for flex, ficar de olho na relação de preços entre o etanol e a gasolina, para ver qual combustível vale mais a pena abastecer — sugere o economista Leandro Maia.