Talvez seja a hora

O prefeito de Divinópolis Galileu Machado (MDB) se livrou de mais uma tentativa de impeachment. Este foi o quinto pedido contra ele em um ano. Tudo começou em abril do ano passado, com as denúncias de seu ex-aliado Marcelo Máximo de Morais, o Marreco. No dia 26 de abril, Marreco usou a Tribuna Livre e denunciou a oferta ilícita de cargo feita pelo prefeito. Foi a gota d´água. O primeiro pedido foi feito pela Associação de Advogados do Centro Oeste de Minas (AACO), em maio, com base na oferta ilícita, quando o assunto ainda estava “quente”. Todos sabiam que aquilo era um pedido técnico embasado em uma denúncia grave, e, sem sombra de dúvidas, Galileu não deve ter dormido até “seus” vereadores o livrarem da possibilidade de ele perder o cargo. De lá para cá, o chefe do Executivo enfrentou mais quatro pedidos, se tornando o único prefeito de Minas Gerais a enfrentar tantas denúncias de infração político- administrativa em tão pouco tempo.

Depois do pedido feito pela AACO, o prefeito enfrentou três denúncias protocoladas pelo vereador Sargento Elton (Patriota), seu opositor ferrenho. Duas das três denúncias foram rejeitas prontamente pelos parlamentares, e uma foi aceita depois de o vereador recorrer do Supremo Tribunal Federal (STF). Mas o pedido não convenceu, tanto que até a vereadora Janete Aparecida (PSD), que também é oposição ao prefeito, se rendeu à defesa apresentada pelo Município. Na última quinta-feira, 17, os vereadores rejeitaram o quinto pedido de impeachment, o quarto nem chegou a ir ao Plenário. E aí a pergunta é: Galileu deve mesmo, ou é apenas alvo de uma perseguição política? Sim! É impossível não fazer este questionamento depois de tantos pedidos fracassados, que só fizeram os vereadores perderem tempo e dinheiro público. Afinal, a formação de qualquer comissão demanda tempo e dinheiro. E tempo é uma coisa que Divinópolis não tem, pois a cidade, que já foi a 5ª melhor para se viver em Minas Gerais no início dos anos 2000, hoje está parada. Dinheiro então, nem se fala.

Esta situação nos leva a um ponto: alguns vereadores às vezes brincam de legislar? Que político é santo, todo mundo sabe que não. Que Galileu não é o melhor dos prefeitos também, mas enfrentar cinco pedidos de impedimento em pouco mais de um ano nos faz questionar se pior do que a atuação do prefeito, não é a de parte do Legislativo? Enquanto isso, divinopolitanos veem inertes cidades menores da região se desenvolvendo. Mas dizem por aí que o povo tem o representante que merece. No Brasil de democracia imatura e educação perrengue, o voto ainda é definido pelo poder econômico e promessas descabidas feitas por candidatos visivelmente desinformados em todas as questões necessárias para sua cidade, estado ou país. Neste país varonil, ainda se define voto também pela simpatia, crença, boa oratória e troca-troca. Raros os que votam pela análise do passado do candidato, das relações interpessoais e planos de governo apresentando. Mas, de tudo, fica-se a lição de que não se escolhe vereador e prefeito porque eles falam o que se quer ouvir. Devemos escolhê-los por suas atuações. Como 2020 está na porta, talvez seja a hora de renovarmos mais uma vez.

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