SUS oferece cuidados paliativos em Divinópolis

Da Redação   

Divinópolis, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), conta hoje com duas equipes que realizam o trabalho de atenção domiciliar, que abordam, de certa forma, os cuidados paliativos. 

A primeira equipe contribui na desospitalização de pacientes na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e acompanhamento em domicílio. A outra equipe auxilia na desospitalização dos pacientes do Complexo de Saúde São João Deus (CSSJD) com as mesmas características da primeira equipe. 

CSSJD 

Desde 2015, o então Hospital São João de Deus vem construindo o projeto de cuidados paliativos, voltado para a questão da humanização e da desospitalização. Em março de 2019, a instituição deu início ao projeto sob orientação do enfermeiro, mestre e doutor em cuidados paliativos, Alexandre Ernesto Silva.  

De acordo com Alexandre, a família recebe a capacitação para o acompanhamento domiciliar durante a hospitalização do paciente. 

— Capacitamos as famílias para que elas mesmas possam dar continuidade nestes cuidados. Se for um paciente elegível à atenção domiciliar, que tenha condições de receber o tratamento, nós vamos preparando essa pessoa e o seu domicílio para que ela volte para o conforto do seu lar, quando assim for. Mesmo em casa, as famílias ainda contam com o suporte e visita semanal de nossos profissionais médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, nutricionistas, assistentes sociais e técnicos de enfermagem. 

Existem diversos critérios clínicos a serem seguidos antes da abordagem às famílias. Os alunos da Universidade Federal de São João Del-Rei estão sempre envolvidos, além de uma funcionária do Complexo de Saúde São João de Deus que auxilia na eleição de casos internos, quando em cuidados paliativos nos quais não cabe a desospitalização.

Equipe multiprofissional que atua no Complexo de Saúde São João Deus

Segundo o enfermeiro que é professor adjunto da Universidade Federal de São João Del-Rei (UFSJ), os cuidados paliativos são cuidados dispensados a uma pessoa em condições ou doenças crônicas, graves, potencialmente irreversíveis e com potencial risco de morte. 

— Existem muitas doenças que podem não ter cura, mas não há risco iminente de morte, como a hipertensão, diabetes, o próprio HIV. Hoje eles não são considerados elegíveis por si só, mas, sim, pelo avanço de suas condições. Então, diante destas situações é que percebemos que tinham muitos pacientes que necessitavam de um cuidado personalizado, realizado por uma equipe ampliada que fornecesse assistência tanto nos aspectos físicos do cuidado quanto nos aspectos psicossocial espiritual, gerando assim a qualidade de vida e dignidade humana — explica Alexandre. 

Código de Ética Médica 

O novo Código de Ética Médica, do Conselho Federal de Medicina, que entrou em vigor no dia 13 de abril de 2010 levou em consideração os cuidados paliativos. O Capítulo I, artigo 22º prevê que, em casos de doença incurável e terminal, o médico deve oferecer os cuidados paliativos disponíveis sem utilizar ações diagnósticas ou terapêuticas obstinadas ou inúteis levando em conta a vontade expressa do paciente ou de seu representante legal. 

É importante ressaltar que a cada grupo de 1 milhão de habitantes, cerca de 1 mil pacientes/ano necessitam de cuidados paliativos. Embora esse cálculo possa estar subestimado, por refletir apenas a necessidade de cuidado da fase terminal, ainda assim é uma boa referência sobre a necessidade dos cuidados paliativos.  

Apesar de toda transparência nos processos, Alexandre esclarece que a decisão final do tratamento é do paciente. 

— O tratamento pode ser negado pelo paciente, mas a maioria aceita. O paliativo, ao contrário do que muita gente pensa, que é quando a pessoa vai morrer, tem como foco a vida. O que nós queremos é fazer a vida voltar a atividade possível, mesmo que mínima. Pode-se desistir da doença, mas não da pessoa — finaliza. 

O próximo passo no desenvolvimento do projeto no CSSJD será capacitar os médicos, pois estes são os profissionais que elegem os pacientes para os cuidados paliativos, além de capacitar também os profissionais de enfermagem e demais colaboradores da saúde.

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