Surreal

Preto no Branco

A cidade está passando por um caos devido à gravidade do coronavírus, como o restante do país: colapso nos leitos, contaminação nas alturas, recorde de casos confirmados – e boa parte dos vereadores vivendo em outro planeta. Só pode! Uma reunião de apenas 40 minutos deixou a desejar neste quesito, com dois projetos mais “nada a ver”. A justificativa da Presidência da Casa para o tempo recorde é a não aglomeração dos vereadores. Está explicado, mas... É o Legislativo 2021 sendo o mesmo dos anteriores, apesar de tantas mudanças, principalmente nas cadeiras e na vida de centenas de divinopolitanos. Não tem uma palavra para ilustrar melhor isso do que surreal.

Obrigação 

O próprio nome já diz: Comissão de Saúde. Então é nesta área, considerada a mais complexa de todas as gestões, que o grupo formado no Legislativo precisa acompanhar de perto. Neste momento crítico, então, é obrigação. Não se pode nem piscar, o acompanhamento precisa ser 24 horas, afinal, além da superlotação nos hospitais, as mudanças são constantes.  O presidente da Comissão, Zé Braz, o secretário, Israel da Farmácia, e a membro, Lohanna França (DEM), fizeram uma visita à UPA nesta terça-feira para acompanhar no tête-à-tête a situação por lá. Apenas confirmaram o que todos já sabiam, mas fizeram o certo: foram à Prefeitura relatar as informações e apresentar sugestões. 

Assustador 

Os números são rotativos, mas é bem em torno de 110%   a ocupação dos leitos de CTI adulto, 125% dos de enfermaria adulto e 50% da ocupação da enfermaria infantil. Isso foi o que a própria comissão averiguou na UPA. Mas, no fim da tarde de ontem, a ocupação já chegava a 300%. A lotação se torna ainda mais preocupante ao constatar que mais de 80% destes pacientes são de Divinópolis, realidade que bem há pouco tempo era composta pela maior parte por pessoas de fora. Isso comprova a velocidade da  contaminação na cidade que, pelas constatações, já fugiu do controle. Existe uma união de forças na cidade trabalhando muito para a melhora deste quadro, mas, se cada um não fizer a sua parte, ela vai continuar “nadando contra a maré”.

Insumos 

Quando faltam vagas, além de crescer a fila de espera em busca de um leito, outra constatação preocupa muito: a falta de insumos. Realidade já presente em Divinópolis, infelizmente. A vistoria da Comissão de Saúde da Câmara diz ter constatado a falta de sedativos necessários para intubação dos pacientes na UPA. A previsão dada aos membros do Legislativo é de que, em menos de dois dias, caso medidas não haja novas aquisições, falte este item primordial que pode significar a salvação de uma vida. Prazo que vence hoje. Este PB encerra este tópico na certeza e confiança de que isso não tenha ocorrido. 

Diferente 

Hoje à tarde ocorre mais uma reunião na Câmara. A expectativa é que tudo seja de forma diferente de terça-feira, e situações como as descritas acima sejam amplamente debatidas pelos vereadores – sobretudo que aqueles que ainda se comportam como se estivessem em campanha eleitoral finalmente assimilem suas funções e entrem de corpo e alma nesta luta que é de todos. A começar por eles, eleitos exatamente para defender o povo.

Falta 

Com a explosão dos casos de coronavírus em Minas Gerais, os sistemas de saúde públicos e privados já estão no limite. Faltam leitos para atender à demanda de pacientes doentes e autoridades de saúde trabalham para conseguir aumentar o número de leitos. Divinópolis vive este drama e corre contra o tempo para abrir os leitos no Hospital Público Regional. Mas, a exemplo de Belo Horizonte e outros municípios, pode esbarrar em outro grave problema: a falta de profissionais no mercado. Os que estão trabalhando estão no limite, exaustos por atender em pronto-socorros e dobrar plantões em hospitais, sem falar das unidades de saúde e UPAs. Se está difícil encontrar profissionais para substituir os atuais, imagine para atender em novas frentes? É por isso e muito mais que, se a população não entrar nesta guerra, a derrota é dada como certa.   

Comentários