Superintendente do CSSJD explica áudio e fala sobre reabertura do comércio

Da Redação 

Após a divulgação do áudio em que a superintendente do Complexo de Saúde São João de Deus, Elis Regina Guimarães, demonstra preocupação com a reabertura do comércio,  a instituição gerida por ela emitiu uma nota explicando o ocorrido. Segundo a entidade, o arquivo foi “veiculado de forma insensata e antiética por um participante de um grupo privado que a gestora hospitalar participava”. 

O CSSJD aponta a mudança do contexto da conversa que, originalmente, “demonstrava sua preocupação permanente em oferecer uma estrutura hospitalar capaz de atender todos os pacientes com covid-19 na instituição”. O hospital ainda explicou que a declaração tem como base a tendência do aumento no número de casos, conforme ocorrido em países que flexibilizaram isolamento social. 

— Não cabe a mim definir sobre a permanência ou redução do isolamento social no município. No áudio apenas demonstrei minha opinião pessoal. Não tenho nenhuma representatividade na cidade que venha a interferir nas decisões do município com relação ao assunto. Sou apenas uma administradora contratada para administrar o Complexo de Saúde São João de Deus que por sua vez é referência para o tratamento de covid na região — explicou a superintendente, em nota. 

Para Elis Regina, o intuito não era defender o fechamento do comércio, mas destacar a importância do isolamento social como fator fundamental para evitar o colapso do sistema de saúde em Divinópolis, polo regional. 

— Foi apenas uma opinião pessoal e informal que de forma antiética foi viralizada nas redes sociais. Não tenho poder nenhum para ir contra a reabertura do comércio local. Muitos dos empresários locais têm se mostrado solidários neste momento vivido por todos nós e buscado sempre ajudar o nosso São João de Deus, considerando-o verdadeiramente um patrimônio regional. Entretanto, nós, profissionais da instituição que somos referência da saúde para toda a região, temos a obrigação, sim, de nos preocupar com a estrutura e capacidade de atendimento de toda população, principalmente na ocorrência de uma pandemia local do coronavírus — finalizou.

O áudio 

Uma das vozes que estaria extremamente preocupada com a abertura do comércio seria a de Elis. No áudio, a gestora  teria exposto sua opinião sobre as consequências da volta ao trabalho. Na gravação que circulou pelas redes sociais durante o fim de semana, mas que teria sido gravada há mais dias, ela demonstra sua preocupação com a possibilidade do cenário se agravar com a volta gradual à normalidade.

— Se vocês me perguntarem se é assustador o cenário, eu acho que é, principalmente com essa história toda que está acontecendo de liberar o comércio. (...) os pacientes de covid estão entrando e não estão saindo mais. (...) — teria afirmado.

A superintendente ainda cita, segundo o áudio, a demora do governo de Minas em tomar as devida providências, como consultar o hospital — referência na região — sobre a quantidade de leitos disponíveis. 

— Eu, literalmente, acho que o governo demorou demais a tomar as providências. O Estado, por exemplo, demorou demais, porque agora que está começando a falar de fluxo, está realmente chamando o São João para ver se tem leitos ou não para poder atender — argumenta. 

Bola de neve

Com a suspensão de diversos serviços, como as cirurgias eletivas, Elis Regina aponta dificuldades causadas pela queda na receita, que podem se agravar com o aumento no número de casos.

— Vocês acham que eu vou conseguir gente para trabalhar nesses leitos como? Pagando hora extra, com um custo altíssimo. E até agora não existe forma de faturar — explica. 

Por fim, a gestora destacou suas preocupações com a dificuldade de encontrar Equipamento de Proteção Individual (EPIs) para compra e a possibilidade de os médicos se recusarem a trabalhar sem as condições necessárias de trabalho — em caso da superlotação do hospital.

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