Superintendência de Saúde apura suposto caso de vacinas vencidas
Levantamento feito pela Folha apontou que pelo menos 23 cidades do Centro-Oeste registraram casos; Prefeituras negam
Bruno Bueno
A suspeita de que vacinas vencidas contra a covid-19 teriam sido aplicadas em cidades da região Centro-Oeste continua rendendo comentários. A polêmica ocorreu após a divulgação de uma matéria pelo jornal Folha de São Paulo na última sexta, 2, que afirmava que 26 mil casos foram registrados em todo o país ‒ e, conforme o jornal, em pelo menos 23 municípios da região.
Após toda a repercussão, a Secretaria de Estado de Saúde (SES/MG), por meio da Superintendência Regional de Saúde (SRS), afirmou com exclusividade ao Agora que está apurando a situação e está verificando se as vacinas vencidas foram aplicadas nos municípios da região.
— A SES-MG, por meio da SRS, está em contato com os Municípios para conferir se as aplicações foram realizadas fora do prazo e registradas no Vacinômetro e no SI-PNI, além de orientar as medidas que serão tomadas a partir do resultado desta análise — disse em nota.
Antes do vencimento
Ainda conforme a pasta, as doses foram entregues aos Municípios antes do prazo de vencimento.
— As vacinas recebidas do Ministério da Saúde foram distribuídas e entregues aos Municípios mineiros dentro do prazo e com prazo de administração anterior à data de vencimento. A SES-MG orienta que os imunizantes sejam administrados dentro do prazo estabelecido pelo fabricante — informou.
A Secretaria também explicou que realiza um rigoroso protocolo para conferir se os imunizantes estão adequados e que, só depois deste processo, libera o envio para os municípios.
— Este processo assegura o controle de temperatura, o acondicionamento das caixas de vacina, bem como a verificação dos prazos de validade. Para além deste processo, em cada remessa de vacina enviada aos Municípios, uma nova nota informativa é emitida sobre o quantitativo de doses, especificidades, público-alvo e alerta quando o prazo de validade está próximo — explicou.
Distribuição
Por fim, a pasta deu detalhes sobre a distribuição das vacinas que, segundo o jornal, estariam vencidas.
— Minas Gerais recebeu 3 dos 8 lotes citados pelo jornal Folha de S. Paulo. O lote 4120Z001, com vencimento para o dia 29 de março, foi distribuído às unidades em 26 de fevereiro, 1º e 19 de março. Já o lote 4120Z005, com vencimento dia 14 de abril, teve distribuição no dia 12 de março. Em 5 de abril, a SES-MG realizou a última distribuição do lote CTMV506, que tinha o prazo de validade para 31 de maio — completou.
Cidades
A reportagem apurou quantas cidades do Centro-Oeste foram citadas pela matéria do jornal. Conforme os dados, a Folha apontou que pelo menos 23 municípios registraram casos. Em Divinópolis, de acordo com a Folha, 75 pessoas teriam recebido os imunizantes fora da validade. Carmo do Cajuru segue a lista, com 44 aplicações.
Bambuí, com nove doses, é a terceira que, em tese, aplicou mais vacinas vencidas. Pará de Minas (6) segue a lista. Campo Belo e Florestal têm 5 imunizantes contabilizados. Igaratinga, Candeias, São Francisco de Paula e Córrego Danta, com 3 cada um, prosseguem os números divulgados pelo jornal.
Com 2 vacinas aplicadas, as cidades de Arcos, Pains, Córrego Fundo, Passa Tempo, Dores do Indaiá, Itaúna e Itaguara também estão na lista. Fecham a publicação, com uma dose cada, os municípios de Carmo da Mata, Iguatama, São José da Varginha, Cláudio, Formiga e Pedra do Indaiá.
As demais cidades do Centro-Oeste mineiro não aplicaram, segundo a Folha, e não entraram na lista.
Negou
A Prefeitura de Divinópolis foi a primeira da região que negou a suposta aplicação de vacinas vencidas. Em nota, o Executivo disse que tem um controle rígido em relação aos imunizantes.
— A Secretaria Municipal de Saúde tem um controle rígido de todos os lotes de vacinas contra a covid-19 que foram recebidos. Divinópolis recebeu dois lotes da vacina AstraZeneca, um que venceu no dia 14 de abril e outro no dia 29 de março, no entanto, esses lotes não foram aplicados em data posterior à do vencimento — explicou.
O Executivo também reforçou que os sistemas relacionados à vacinação são feitos por profissionais capacitados.
— A Administração Municipal reforça que todo o sistema relacionado à imunização contra a covid-19 é feito por pessoas capacitadas e com todo o respeito e responsabilidade para com o cidadão. (...) Sendo assim, todas as pessoas que foram imunizadas contra a covid-19 no Município podem ficar tranquilas em relação a esta questão — finalizou.
Carmo do Cajuru
A Prefeitura de Carmo do Cajuru também negou que tenha utilizado os imunizantes fora do prazo de validade.
— O Departamento de Vigilância em Saúde vem tranquilizar toda a população dizendo que este lote foi disponibilizado e aplicado no mês de março, dentro do prazo da sua validade. Estamos tomando todas as medidas cabíveis para que este mal-entendido possa ser esclarecido com a maior agilidade possível — explicou em nota divulgada nas redes sociais.
Pará de Minas
Outra cidade que se pronunciou sobre o caso foi Pará de Minas. O Executivo, por meio de publicação nas redes sociais, informou que identificou as seis pessoas que teriam, segundo o jornal, recebido vacinas vencidas.
— Até o momento, não foi identificada a aplicação de nenhum imunizante vencido em Pará de Minas. O órgão já identificou as seis pessoas cujos registros constam no Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações, com o lote 4120Z005 do imunizante AstraZeneca/Fiocruz, registrados em data posterior a 14/04 — explicou.
A Prefeitura deu mais detalhes sobre os próximos passos da análise dos casos.
— Desses seis usuários, um já encaminhou o cartão de vacinação para análise. No documento, foi comprovado erro no registro da 2ª dose do imunizante, no Sistema SIPNI. A aplicadora, equivocadamente, utilizou o número do lote da 1ª dose no formulário, e não da 2ª. As outras cinco pessoas terão seus cartões de vacinação conferidos, para conclusão da verificação — informou.