Soluções sustentáveis para uma cidade viável

Euler Antônio Vespúcio

A sociedade capitalista é movida pela procura de produtos e serviços lucrativos, não sustentáveis, lesivos e agressivos ao meio ambiente, comprometendo o futuro das novas gerações.

Em Belo Horizonte, a rua Professor Galba Veloso se entregou ao mercado, às soluções fáceis e lucrativas, assim como outras regiões, como alguns condomínios de casas, concebidos originariamente para ter apenas ruas sem impermeabilização.

No dia 14 de janeiro, a Prefeitura de Belo Horizonte asfaltou toda a rua. Acabou o antigo calçamento irregular de pedra. Venceu a indústria das licitações do asfalto, dos interesses da indústria automobilística, do ouvido agudo dos usuários de automóveis incomodados com o mínimo ruído dentro do seu carro.

Nesse quadro, BH opta por ficar mais impermeabilizada e sofre as sequelas dessa escolha, como as catástrofes climáticas recorrentes (inundações, aumento da temperatura, queda de árvores etc.).

Quem perde? Perdemos todos, como sempre. Venceram as soluções sem sustentabilidade e as políticas públicas para solucionar as consequências mais visíveis, com a realização de obras milionárias para a construção de galerias, de piscinões etc.

Entretanto deveríamos ter ações ecologicamente corretas para filtrar a água e usar melhor os recursos. Infelizmente, inexistem políticas públicas permanentes nesse sentido e, por isso, não só BH, mas todas as cidades adotam um modelo ultrapassado, incorreto e destrutivo dos recursos naturais finitos.

Deveríamos, urgentemente, adotar políticas públicas (com a atualização dos códigos de postura municipais, quando for o caso), em diversas frentes para incentivar a construção de caixas de recargas em todos os imóveis, mantendo toda a água recebida das chuvas no lençol freático e evitando o despejo delas nas ruas impermeabilizadas; o reaproveitamento das águas das chuvas; a instalação de energia solar; a coleta seletiva de lixo; a proibição do uso de utensílios de plásticos descartáveis; o incentivo à indústria automobilística de carros elétricos; o não subsídio a combustíveis fósseis; aumento da área verde, com o incentivo ao reflorestamento com árvores regionais; uso do calçamento ecológico das vias; multas para quem jogar lixo nas vias urbanas etc.

As opções são conhecidas e podemos escolher entre ter um futuro melhor ou não, entre ter um ambiente equilibrado ou não, mas, até o momento, muitos resistem e acreditam que o planeta chegará naturalmente ao equilíbrio.

O planeta, na realidade, não chegou ao atual quadro de degradação ambiental de forma natural, e sim pela ação humana predatória e desordenada.

Por isso, o ser humano tem a obrigação de implantar as soluções sustentáveis. Elas são difíceis de aplicação, requerem esmero na implantação, exigem a conscientização da população, mas valem a pena para tornar o planeta (nossa casa) mais habitável, saudável e viável.

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