Sociedade agressiva assusta especialistas
Maria Tereza Oliveira
Reconhecido como o mal do século por inúmeros profissionais, o estresse do dia a dia tem se intensificado até chegar a níveis alarmantes. Cada vez mais, as pessoas se irritam e, em muitos casos, partem para a agressão.
Diante da onda de violência enfrentada no país, andar na rua se tornou um ato de coragem. Os índices de assaltos, latrocínios e estupros, enfim, da criminalidade, assustam. O medo e a incerteza, unidos à rotina diária, deixaram as pessoas mais agressivas e esse fenômeno pode ser observado além das taxas de violência. Mas não é só na criminalidade que se pode notar o aumento de atitudes violentas.
A agressividade das pessoas está perceptível nas conversas corriqueiras com brigas que se originam nas opiniões divergentes na política, música, futebol e afins. A individualidade e o direito de escolha dos outros não são mais respeitados ou aceitos.
A psicóloga Yáskara Siqueira disse que as bolhas sociais podem tornar as pessoas suscetíveis à alienação de suas ideologias.
— Basta alguém incentivar os ataques do lado oposto e todos ficam cegos — alertou.
Ela apontou o estresse como um dos motivos para o aumento da agressividade.
— Como já pontuou Rousseau: “O homem nasce bom, a sociedade o corrompe” e assim como tal nosso estresse é fruto de nossa relação interpessoal — comparou.
A profissional aconselha a não se desgastar entrando em muitas discussões e disse que nem toda pergunta merece uma resposta.
— Às vezes o melhor gesto de hombridade e cordialidade é se limitar a ouvir, mesmo por mais ultrajante seja o que estará escutando — orientou.
Internet
Na internet as discussões costumam ser mais coléricas. Debates se tornam verdadeiras zonas de guerra com xingamentos mais intensos. A distância física costuma fazer com que as pessoas digam mais grosserias.
— Justamente por tal fundamento os chamados “trolls”, surgiram e ganharam força. Trata-se de pessoas que estão em busca de gerar discórdia — exemplificou Yáskara.
Síndrome de Hulk
Em alguns casos, o excesso de agressividade pode significar uma doença. A psicóloga alertou que, embora a agressividade esteja presente, de alguma forma, desde a mais tenra idade, o seu excesso pode estar ligado ao adoecimento psíquico.
— Temos o TEI (Transtorno Explosivo Intermitente), conhecido como a síndrome de Hulk, que é caracterizado por aumento de batimentos cardíacos, falta de controle sobre impulso agressivo, quebrar os próprios pertences ou dos outros, suor, formigamento e tremores musculares, ameaças verbais e/ou agressividade física a outras pessoas sem que haja motivo que o justifique — completou.
Rebelde sem causa
A adolescência é para muitos a fase mais difícil da vida. É a época onde os hormônios e as emoções estão à flor da pele, inclusive a agressividade. Os pais ficam sem saber o que fazer e se sentem impotentes diante dos dramas da idade.
A profissional deu dicas para os pais manterem um relacionamento saudável com os filhos desta crítica idade. Ela explicou que o adolescente possui uma série de características próprias do período de vida em que se encontra. Elas ratificam para que as chamadas práticas de contravenção ocorram.
— Dessa forma, antes de tudo, é preciso lhes escutar e levar todo posicionamento em consideração, afinal, em primeira instância, no mínimo eles querem ser respeitados e considerados na tomada de decisões. Estabelecer limites é necessário. A punição mediante agressão deve ser utilizada somente em último caso e tão somente prezando pelo bem estar da pessoa. Ainda assim, se chegar a tal é preciso deixar claro a razão do ocorrido — finalizou.