Sindicatos preparam nova manifestação em Divinópolis

Mobilização nacional quer saída para crise política; entidades prometem parar região

Flávio Flora

O Movimento Sindical Unificado (MSU) de Divinópolis, que envolve 14 entidades de trabalhadores, pretende parar o Centro-Oeste nesta sexta-feira, 30, em sincronia com a movimentação nacional. O objetivo local vem reforçado pela campanha massiva contra deputados federais e senadores que apoiam as reformas propostas pelo governo de Michel Temer (PMDB).

Servidores e funcionários dos municípios de Bambuí, Carmo do Cajuru, Divinópolis, Igaratinga, Lagoa da Prata, Luz, Medeiros, Pimenta, São Sebastião do Oeste e Tapiraí devem aderir ao movimento paredista.

Os deputados, especialmente da região, em sua maioria favoráveis às reformas, estão contrariando a confiança que o eleitorado depositou nas urnas. Esse é o pensamento da sindicalista Luciana Santos, presidente do Sindicado dos Trabalhadores Municipais (Sintram) que participa do MSU.

— As reformas não são propostas simples. São medidas que mudarão a vida do trabalhador, cortando direitos adquiridos ao longo dos últimos 50 anos. Foi preciso muita luta para conquistar esses direitos e os deputados, a quem respeitamos como autoridades constituídas e legitimados no cargo pelo voto popular, representam a esperança do cidadão para impedir que o governo cometa a atrocidade que se desenha com a aprovação das reformas — avisou.

Governo envergonha

A diretora de comunicação do Sindicato dos Trabalhadores em Educação (SindUte), ativista Maria Catarina Laborê, também adere à greve geral contra as reformas da Previdência, Trabalhista e a terceirização “sem limites” por reconhecer a legitimidade das propostas.

— Decisiva na construção do golpe de 2016, a mídia brasileira se vê forçada a estampar em suas capas uma manchete que envergonha o Brasil diante do mundo e dos próprios brasileiros: pela primeira vez, o Brasil tem um ocupante da presidência, Michel Temer, denunciado por corrupção em pleno exercício do cargo. Depois de colocá-lo no poder, a elite brasileira ainda não encontrou uma forma de se libertar desse pesadelo — expressa Laborê em uma página de rede social.

 

 

Barrar mudanças trabalhistas é ponta de lança da mobilização 

Rejeição nacional contra medidas do governo cresce com notícias de corrupção

Após a derrota por 10 a 9 da proposta da Reforma Trabalhista (PLC 38/2017) na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado, a publicação da baixa popularidade do presidente Michel Temer (7%), perigosamente próxima da margem média de erro em pesquisa de opinião (5%); dos reflexos de sua fria recepção no estrangeiro e das denúncias de corrupção passiva – reforçam a insatisfação nacional com o governo federal e o Congresso Nacional, que vem afetando direitos trabalhistas e previdenciários com as reformas propostas, além de manter Temer na direção do país.

Passeatas, paralisações de diversas categorias de trabalhadores e trancaços acontecerão por todo o Brasil nesta sexta, 30, com várias categorias em protestos. Trata-se da Jornada de Lutas de junho, que se iniciou no último dia 20, com várias assembleias e manifestações nos locais de trabalho, em praças públicas, coletivos urbanos e terminais de ônibus.

Pressão popular crescente

A massa trabalhadora em mobilização considera ilegítimo o governo do presidente Temer e as representações sindicais em instâncias estratégicas acreditam que estejam em condições de barrar as mudanças indesejadas.

— Este foi o resultado da pressão que estamos fazendo desde o início do ano nas bases eleitorais dos parlamentares e das ações de massa que promovemos, se intensificaram em março (nos dias 8, 15 e 31) e que culminaram com a histórica greve do dia 28 de abril e com a expressiva ocupação de Brasília, realizada no dia 24 de maio — destaca nota conjunta das Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo.

A ênfase dada pelo presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, é a de que o momento não é para negociações:

— O momento não é de negociar redução de danos com golpista que respira por aparelhos e muito menos desistir das mobilizações com a ilusão de que é possível negociar com o governo ilegítimo de Michel Temer porque está fragilizado e sem apoio popular — afirmou.

Estudantes aderem

No último dia 17, na Plenária Final do 55o Congresso da UNE, os estudantes brasileiros aprovaram a Carta Belo Horizonte, que convoca pelo “Fora Temer”; abaixo as reformas Trabalhista e Previdenciária; pela construção da Greve Geral e por novas eleições. O documento de Minas propõe ainda uma grande jornada de lutas em julho, tendo seu ápice no dia 11 de agosto, Dia do Estudante, para exigir a saída de Michel Temer do governo e defender a antecipação das eleições.

— Quando a população entende, quando chega a informação, porque existe um cerco grande para que a informação não chegue até a população, quando as pessoas entendem o que acontecerá com os seus direitos, tanto os trabalhadores quanto os estudantes têm respondido de uma forma muito satisfatória a ideia de se manifestar em protestos — destacou a recém-eleita presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Marianna Dias. (FF)

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