Sex shops evangélicos

CREPÚSCULO DA LEI – ANO III – CLVIII

 

SEX SHOPS EVANGÉLICOS

 

O universo evangélico abriga seres humanos como qualquer outro. É nesse sentido que naquele meio se encontre desde pessoas cultas e honradas até corrupção evangélica, lavagem de dinheiro evangélica, estuprador e pedófilo evangélicos, enfim, tudo que a experiência humana produz, sem se esquecer da aberração chamada “traficantes evangélicos”.

Sob esse aspecto, não há que se estranhar que tenham, eles e elas, sentimentos capazes de recordar-lhes o quão humanos são, incluindo desejos e afetos decorrentes do prazer, do tesão e do sexo, ou seja, nada que um judeu chamado Freud já não tenha explicado.

Nesse lastro de anseios demasiadamente humanos é que surgem os “Sex Shops evangélicos”, aqueles mesmos que disponibilizam auxílio material para todas as luxúrias que  as fantasias pentecostais possam alcançar, tudo sob as graças e bênçãos celestiais, claro.

O ramo está em franca expansão, tanto que a Associação Brasileira das Empresas do Mercado Erótico e Sensual (Abeme) já lançou um guia, o “Guia Gospel para Sex Shops e Consultores”, ou seja, um livro de orientação aos empreendedores que queiram se especializar no atendimento (do público) evangélico de forma mais apropriada (...).

A questão está realmente em alta. Já existe até uma marca especializada no tema – In Heaven – e Sex Shops evangélicos podem ser encontrados até no ambiente virtual, inclusive nas buscas por “Sex Shops Cristãs” ou “Sex Shops de Jesus”.

Em Sex Shops evangélicos, cristãs ou de Jesus, são encontrados os mesmos produtos dos pagãos, desde lingerie, algemas, lubrificante e vibrador. A restrição fica por conta da venda de “camisinhas”. Essas são encontradas apenas do lado de Satanás. 

Além disso, é importante que os Sex Shops evangélicos substituam o nome de alguns apetrechos para que se apresentem menos ofensivamente aos olhos das divindades. Com essa mudança dos nomes dos objetos parece que a consciência fica mais aplacada e aliviada em “boas intenções”. Por exemplo, não seria conveniente pedir um “pênis flexível e vibrador” como tal. Provavelmente pedir um “auxiliar  interno de toques ungidos e confortantes” ficaria bem melhor.

Já pensou se o ramo avança para “motéis evangélicos”?  Certamente encontraríamos nas estradas coisas do tipo “Motel Epístola do Prazer”, “Motel Versículos a Dois” ou “Hot House Salmos Motel”.

Evidentemente, aconselha-se não fazer uso do gospel de Flordelis em algumas circunstâncias. O clima pode não ficar apropriado. De qualquer forma, fato é que o gozo, ungido ou não, é bom para todos, incluindo os pobres pecadores.



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