Setembro Amarelo 2020: o desafio diante da covid-19

Lina Aparecida Faustino - OAB 

O movimento “Setembro Amarelo” surgiu em 2015, por meio do Centro de Valorização da Vida (CVV), sendo o dia 10 deste mês eleito como o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. O tema é carregado de preconceitos e tabus pela sociedade; muitas das vezes, por falta de informação, acaba sendo tratado de forma incorreta. Faz-se necessário dar voz a essas pessoas que estão passando por sofrimentos, de forma que elas possam buscar seu entendimento com o problema.

Com objetivo de conscientizar e alertar a sociedade sobre o suicídio e promover a saúde mental dos brasileiros, a campanha vem refletindo positivamente na redução dos casos e dando suporte aos que precisam de ajuda. Sabe-se que cuidar da saúde mental é um fator essencial para se evitar doenças mentais que lastreiam os pensamentos suicidas, fatores estes que se dão por meio da ansiedade, depressão, transtorno mental e abusos de substâncias, entre outros sintomas decorrentes de eventos traumáticos ao longo da vida. A pessoa com a sanidade mental bagunçada não consegue ter discernimento, controle dos pensamentos e sentimentos desordenados, por isso estar perto de pessoas informadas é de supraimportância para saber identificar os sinais, acolhê-las, ajudá-las e orientá-las a buscar um profissional capacitado para o tratamento.

Atualmente, com o cenário da pandemia da covid-19, causadores do suicídio batem à porta de todos. As incertezas ao trabalho, as dificuldades financeiras, isolamento e o medo de contrair o vírus tendem ao agravamento dos comportamentos, que, provocados pela mudança drástica na rotina, tendem a desencadear a depressão e o suicídio. A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) mostrou números ‒ referentes aos meses de pandemia, com rotina da população alterada por conta dos enfrentamentos contra o vírus ‒ que quase 90% do corpo de psiquiatras da associação identificaram agravamento dos sintomas de seus pacientes. 

Por isso é de suma relevância exaltar a importância da campanha, se faz necessário abraçar a causa não somente neste mês, mas o ano todo, praticando a solidariedade. O “Setembro Amarelo” vem em forma de conscientização para que o suicídio não seja reprimido e atacado, e sim colocado em pauta, para que as pessoas possam se manifestar de forma a conseguir progresso e não agir com violência contra si mesmo.

É importante saber que o CVV disponibiliza gratuitamente o telefone 188, disponível 24h por dia, atendendo pessoas que precisam conversar, sob total sigilo. O suicídio está ligado à saúde mental e, segundo a OMS, há 40% em reincidência de quem tenta se matar e preconceitos e silenciamento não contribuem para resolver o problema.

Esteja atento à sua família e pessoas próximas. Ouça-os com atenção, demonstre empatia. Deixe as pessoas falarem dos seus sentimentos, sem julgar ou minimizar a dor do outro, pois, no final, elas só precisam ser ouvidas e acolhidas. Incentive este diálogo. Vamos ser luz na vida dessas pessoas!

Lina Aparecida Faustino – Advogada, secretária na Comissão de Direito Médico e Saúde Mental da 48ª Subseção da OAB/MG - E-mail: [email protected]

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