Ser criança mudou?

Antônio de Oliveira

O fenômeno da saudade está desaparecendo com a evolução. Não se sabe mais do moderno nem do que é moderno. Tudo está mudando tão rápido que não dá tempo para lembrar. Lembrança, palavra associada a saudade, também está desaparecendo. 

Que é do bambolê, da bilosca, do ioiô, do papagaio feito a mão, da piorra que rodopiava, do curralzinho com boizinho de sabugo ou manga verde espetada nas patas e nos chifres, da bonequinha de pano, do guisadinho, do brinquedo de pique, da ciranda de roda, do bilboquê, da bolinha de gude, do cavalinho de pau, do pega-varetas?... 

Isso de comparar brinquedos de época é arranjo na mente de pessoas, como eu, de mais idade. A criança nasce inserida no momento histórico em que o mundo é renovado. A reconstrução do mundo dos humanos se dá com o aparecimento de uma... de inúmeras crianças, pelo mundo afora. Todo dia, a todo momento.

Criança, pois, símbolo de pureza, inocência, espontaneidade, embora convivendo, desde o nascimento, com um potencial polimorfo. Há até quem defina pedagogia como o acompanhamento dessa evolução. Nobre missão. Apenas três dias separam o Dia da Criança do Dia do Professor. Coincidência? Distorções, nesse campo, existem, mais do que nas palavras, é nas mentes poluídas que as repassam. Mais do que lavar as mãos com água e sabão perante a pandemia, importante é lavar a alma e o coração perante uma criança. 

Quanto à tecnologia, justo agora me dou conta de que estou usando o computador... Cada época é uma época. Já não se criam os filhos como antigamente? Verdade. Dizia-se de uma pessoa ingênua, infantil: Não desconfia de nada, é uma criança. Pois é!... E hoje? Nem sei mais o que significa a palavra criancice. 

Nessa ambivalência do moderno, ser educador é acertar o tique-taque do relógio sem esperar que o pêndulo pare. O que eu quero dizer com isso? A resposta vem mais do coração que da razão... O coração pulsa; a razão processa.

Dia da Criança, dia especial para brincar de criança. 

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