Sempre ele

Editorial 

O povo. É ele que paga o pato, mas também é o culpado. É a dura realidade vivida no Brasil há décadas. A verdade é que vivemos em uma jovem democracia representada, mas não nos sentimos representados. Para quem não se lembra, faltando pouco tempo para as últimas eleições, realizadas no fim de 2018, os brasileiros manifestaram rejeição generalizada à classe política, independentemente de partidos e modelos de governo. Pesquisa realizada à época pelo Instituto Ipsos revelou que apenas 6% dos eleitores se sentiam representados pelos políticos escolhidos por eles anteriormente. E essa onda de negativismo contamina a percepção sobre a própria democracia? Em partes. Visto que pelo menos a metade da população considera que este é o melhor regime para o Brasil. Porém situações que vêm ocorrendo nos últimos meses no país parecem deixar pessoas de todas as classes sociais ainda com mais dúvida. O que leva o futuro do nosso regime vigente a mergulhar em incertezas.

Em meio à incapacidade das autoridades, vozes dos quatros cantos do país ecoam por causa da crise existente entre os poderes. E este socorro pipoca em todos os lugares. Nas ruas, nos gabinetes na capital federal, assembleias legislativas, câmaras municipais e, principalmente, nas redes sociais. E não é para menos. Vivemos em meio a ameaças de golpe, falta de parceria entre os poderes representativos e ataque a instituições e à imprensa. Cenário condenável que alimenta o desejo de mudança da população. Certíssima. Ninguém merece viver em um país democrático com constantes ameaças e uma incerteza tão grande. Mas é aí que vem a questão: esta parcela considerável que se arrependeu em eleger políticos que a decepcionou fez algo para gerar uma grande mudança? Escolheu melhor seu representante? Se lembra em que votou no último processo eleitoral? Pois é, precisam começar fazendo autoexame de consciência. Não adianta nada se arrepender, fazer das redes sociais seus consultórios  psicológicos, se não toma atitude firme e decisiva. Divinópolis pode servir de exemplo positivo no quesito renovação no Legislativo, quase 100%.

Dos 17 vereadores, apenas cinco foram reeleitos. Porém o resultado não foi o esperado, ao contrário. Alguns dos atuais edis enchem a boca para falar que esta é a pior legislatura da Casa. E estão com a razão, porque essa também é a voz das ruas. Sinal de que a população sabe o que fazer em novembro. É sinal de alerta também para os 17 atuais que, se não derem conta de reverter o quadro até lá, a mudança pode ser total. É por haver esta possibilidade ainda de mudança em todo cenário é que aventuramos a dizer que a democracia ainda não está sob risco. Ao contrário, o povo vai continuar pagando sem dever e levando a culpa sempre. 

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