Semana Mundial de enfrentamento à Hanseníase reforça importância do diagnóstico precoce

 

Da Redação

A semana mundial de enfrentamento à Hanseníase é celebrada entre os dias 27 e 31 de janeiro. O objetivo é alertar a população sobre os sinais e sintomas da doença, além de incentivar a procura precoce pelos serviços de saúde, mobilizar os profissionais da área quanto à busca ativa de casos novos e realização de exames dos contatos entre os casos registrados e cura da doença. 

Segundo a Diretora de Vigilância de Doenças Crônicas Transmissíveis, Não Transmissíveis e Causas Externas, da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), Janaína Passos de Paula, a data é importante para a conscientização sobre a doença.

— É um período importante porque busca chamar a atenção da população e dos órgãos públicos para a relevância de se discutir estratégias para o diagnóstico precoce da hanseníase, não só em janeiro, mas durante os outros meses do ano e contribuir, assim, para a melhoria dos aspectos de detecção de casos, tratamento, cuidado e reabilitação e para evitar o estigma e discriminação de pacientes com hanseníase e suas famílias — disse.

Ainda de acordo com a diretora, “o estigma é o maior desafio que a doença provoca, o que pode dificultar a procura pelo diagnóstico e adesão ao tratamento, bem como o afastamento social. Por isso, é importante afirmar que o diagnóstico de hanseníase deve ser recebido de modo semelhante ao de outras doenças curáveis e precisa ser feito o quanto antes, para evitar sequelas físicas para o paciente. Os profissionais de saúde devem estar atentos para identificar os casos na população da sua área de abrangência”, complementou.

Janeiro Roxo

Em 2016, o Ministério da Saúde oficializou o mês de janeiro e consolidou a cor roxa para campanhas educativas sobre a Hanseníase. A Campanha propõe a intensificação das ações de divulgação e das atividades que buscam à eliminação da doença como problema de saúde pública no país, tendo como foco a prevenção de incapacidades. 

As ações propostas vão desde a iluminação de monumentos públicos em todas as capitais brasileiras na cor “Roxo – Medium Purple”, divulgação da campanha utilizando as redes sociais (Facebook, Instagram, site da saúde) e parceria com os meios de comunicação.

Janaína Passos reforça que a doença tem cura e tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

— O tratamento da hanseníase é gratuito e está disponível para toda a população em todos os postos de saúde. Após iniciar o tratamento, que pode durar de 6 a 12 meses, o paciente não transmite mais a doença para as pessoas com quem convive. Se os contatos mais próximos do paciente e a população em geral conhecerem melhor o que é a hanseníase, o diagnóstico será feito precocemente, sem deformidades, e o tratamento será realizado adequadamente — esclareceu.

 

 

Dados

Em 2017, foram detectados 1.095 novos casos da doença em todo o Estado, o que representa uma taxa de 5,18 casos a cada 100 mil habitantes. De 2011 a 2017, houve uma média de evolução de 88,2% dos casos para a cura. 

Em relação aos dados de 2018, eles são fechados somente no final do mês de março, quando é finalizado o banco de dados do Ministério da Saúde. Entretanto, conforme dados preliminares, em 2018, foram registrados 978 novos casos da doença no estado. 

Para Janaína Passos, embora o número de casos de hanseníase apresente uma queda nos últimos anos, ainda são expressivos os casos diagnosticados com algum grau de incapacidade física.

— O Estado de Minas Gerais vem notificando uma média de 1400 casos novos a cada ano, nos últimos oito anos. O preconceito em relação à doença, a desinformação dos profissionais e da população e a concentração do atendimento ao usuário com hanseníase e seus contatos em poucas unidades básicas de saúde ainda são barreiras que impedem a detecção oportuna dos casos existentes — disse.

Plano de Enfretamento

A Secretaria de Estado de Saúde elaborou, em 2017, o Plano de Enfretamento da Hanseníase em Minas Gerais (2018-2021), em parceria com vários setores, especialmente junto à Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) com o objetivo de propor a criação de políticas públicas para o enfrentamento da Hanseníase no nosso Estado. 

O plano é composto por 5 eixos de intervenção a saber: Ações de Vigilância Epidemiológica; Rede de Atenção à Saúde (RAS), tendo a Atenção Primária à Saúde (APS) como coordenadora do cuidado; Educação Permanente e Integração do Ensino-Serviço; Fortalecimento da Educação em Saúde e Mobilização Social; Gestão e realização de atividades de monitoramento além da avaliação contínua da execução deste plano de enfrentamento. 

Em novembro de 2018, também foi instituído o Comitê Estadual de Enfrentamento da Hanseníase no âmbito da SES-MG com o objetivo de implementar e monitorar o Plano de Enfrentamento à Hanseníase no Estado de Minas Gerais que, posteriormente, será encaminhado para a Comissão Intergestora Bipartite (CIB) para ser aprovado.

— O foco do programa de controle de hanseníase é baseado no diagnóstico precoce, tratamento adequado, vigilância de contatos. Atenção especial aos casos que ocorrem em menores de 15 anos, onde as ações de vigilância epidemiológica são intensificadas. A melhoria do acesso ao diagnóstico, tratamento, prevenção de incapacidades e reabilitação, nos vários níveis de atenção à saúde é compromisso de todos para uma atenção integral adequada ao portador de hanseníase — afirmou a coordenadora de Dermatologia Sanitária da SES-MG, Maria do Carmo Rodrigues Miranda.

A doença

A hanseníase é uma doença infecciosa, transmissível e curável que atinge principalmente a pele e os nervos, mas também pode afetar outros órgãos como o fígado, os testículos e os olhos. 

A doença é causada pelo bacilo chamado Mycobacterium leprae que ataca a pele e a mucosa nasal e sua transmissão acontece através das vias respiratórias. Os pacientes sem tratamento eliminam os bacilos através do aparelho respiratório superior (secreções nasais, gotículas da fala, tosse, espirro). Mas, após o tratamento regular o paciente para de transmitir a doença.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a maior parte da população é resistente bacilo e não desenvolve a hanseníase, ou seja, somente 5% de pessoas, em contato com Mycobacterium leprae, adoecem e desenvolvem os sintomas.

Diagnóstico e prevenção

O diagnóstico da hanseníase é realizado por meio de exame dermatológico e neurológico, com testes de sensibilidade. A doença inicia-se, em geral, com manchas brancas, vermelhas ou marrons em qualquer parte do corpo, com alteração de sensibilidade à dor, ao tato e ao quente e ao frio. Podem aparecer também áreas dormentes, especialmente nas extremidades, como mãos, pernas, córneas, além de caroços, nódulos e entupimento nasal. Nesses casos, o paciente deve procurar uma unidade de saúde para confirmar o diagnóstico e iniciar o tratamento. 

De acordo com Maria do Carmo Rodrigues Miranda, a prevenção da hanseníase se faz por meio do tratamento de todos os pacientes e da descoberta de todos os casos novos esperados.

— Todas as pessoas que convivem no domicílio devem ser examinadas e encaminhadas para aplicação da vacina BCG. A vacina BCG aumenta a resistência do organismo, principalmente contra as formas multibacilares da doença. O diagnóstico e tratamento podem ser realizados nas unidades de saúde de todo o estado e, também, nos serviços de referências distribuídos em Belo Horizonte e no Centro Nacional em Hanseníase, Dermatologia Sanitária, em Uberlândia — disse. 

Não se pega hanseníase por meio de:

– Compartilhamento de copos, pratos, talheres, não havendo necessidade de separar utensílios domésticos da pessoa com hanseníase;

– Utilização de assentos, como cadeiras, bancos;

– Apertos de mão, abraço, beijo e contatos rápidos em transporte coletivos ou serviços de saúde;

– Picada de inseto;

– Relação sexual;

– Aleitamento materno;

– Doação de sangue;

Para mais informações, acesse ao site www.saude.mg.gov.br/hanseniase.

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