Sem transferência, cresce risco para criança na UPA

 

 

Gisele Souto 

Mais quatro dias de espera e angústia. Mesmo com a vida em risco, a menina de 11 anos que precisa de transferência urgente, devido à gravidade de sua doença, continua na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Divinópolis, à espera de uma vaga, mesmo que fora de Minas Gerais. Ela está unidade desde o dia 9 deste mês, depois de passar mal em casa. Lá, ela não pode ser medicada da forma que a doença exige, toma apenas paliativos para amenizar a dor até a fila da Central de Regulação andar e a vaga sair.

O problema é que ela não pode mais esperar. Devido à demora, seu quadro de saúde só vem piorando. Já há, inclusive, uma liminar concedida pelo juiz da Vara da Infância e Juventude, Francisco Assis Corrêa, obrigando o Estado a arrumar com emergência o tratamento para a menina. Porém, mesmo assim, a ordem vem sendo descumprida.

 A doença 

A menina foi diagnosticada aos 10 anos de idade com quadro grave de Hepatite A, com risco de morte e, desde março de 2017, quando a doença foi descoberta, vem se submetendo a um terrível martírio entre a UPA e sua casa. Até ontem à tarde, ainda na unidade de saúde, havia a expectativa de que surgisse uma vaga em São Paulo. A pediatra que cuida da menina está ajudando a mãe a conseguir levar a filha para lá, já que, nas vezes em que foi a Belo Horizonte, o tratamento não correspondeu à sua necessidade.

 Transfusão 

A mãe, Alexandra Regina Dias, que de um ano para cá vive por conta da filha, revela que neste período luta por um tratamento especializado para a filha. Ela já perdeu as contas de quantas vezes foi e voltou da UPA e de outros hospitais. Enquanto isso, vê a filha quase perdendo a vida, porque em Divinópolis não há os procedimentos a que ela precisa ser submetida, entre eles, uma transfusão de sangue, porque as plaquetas estão em quase zero e uma biópsia urgente.

Justiça

 A ação para pleiteando que o Estado banque o tratamento da menina foi impetrada em outubro de 2017 e, no dia 25 do mesmo mês, concedida a liminar pelo juiz. Porém, após três meses sem nenhum retorno, o advogado que representa a família, Eduardo Augusto, decidiu encaminhar ao magistrado uma petição no dia 16 de fevereiro, chamando atenção para a demora e o estado delicado de saúde da menina. Não adiantou. No dia 23 de março, enviou outra. Nada de decisão. No último dia 10, o advogado fez outra notificação ratificando as anteriores, mas acrescentando a piora no estado clínico da menina. Porém, até o fechamento desta página, por volta das 17h, a menina continuava na mesma situação na UPA e não havia nenhuma novidade sobre sua transferência.

Secretaria desconhece

A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, por meio da Superintendência Regional de Saúde de Divinópolis (SRS), afirma que não foi notificada oficialmente da medida judicial. Reforça que a Central de leitos busca uma vaga em um dos hospitais credenciados ao Sistema Único de e Saúde (SUS) e que possam oferecer o atendimento especializado à paciente.

Desmentido 

A informação, segundo o advogado Eduardo Augusto, não procede. No fim da tarde de ontem, ele esteve no Fórum para ver o andamento do processo e confirmou que os mandados de intimação já foram enviados para o Município e o Estado. Assim, segundo ele, a ordem judicial já está valendo e os intimados não cumprem porque não querem.

 

 

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