Sem politicagem

A vereadora Janete Aparecida (PSD), considerada oposição ao prefeito Galileu Machado (MDB), defendeu o chefe do Executivo na reunião de ontem. Ao falar sobre a extinção das eleições de diretoria das escolas para adotar os cargos por indicação, ela ficou do lado de Galileu. “Hoje eu podia usar essa Tribuna de forma eleitoreira e sacana, dizendo que o que vai acontecer é culpa do prefeito. E, por incrível que pareça, não é culpa dele.” Oposição inteligente. 

São os culpados 

O Brasil pega fogo, de Leste a Oeste, de Norte ao Sul – esta última em menor proporção, pois chove mais e registram menores temperaturas – mas tem gente que parece desconhecer a realidade. O presidente Jair Bolsonaro (PSL) sugeriu para o mundo inteiro, na assembleia geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, que as queimadas são culpa dos índios. Coitados, logo eles?  Como é fácil apontar o dedo e responsabilizar o outro pela nossa falha.  

Muito pouco 

E bota pouco nisso. A maior parte da população vive de forma limitada, ou melhor, sobrevive, enquanto poucos “nadam de braçada”. Realidade que mostra um Brasil que pertence aos ricos, que, junto aos governos, são os únicos que têm poder. A maior parte do povo não tem renda suficiente para ter acesso aos recursos básicos que garantem uma vida digna. E é a maior parte destas pessoas que pode ter seu salário mínimo congelado. Isso mesmo.  A equipe econômica do Governo Jair Bolsonaro sinaliza a possibilidade de propor mais uma facada, desta vez nos mais empobrecidos: retirar da Constituição a obrigatoriedade de que o salário mínimo seja reajustado pela inflação. Em outras palavras, congelar o valor do piso nacional durante os períodos de aperto fiscal para diminuir as despesas obrigatórias. Mais uma vez, os mais necessitados pagando pelas mordomias dos que têm o poder na mão. 

Menos ainda 

E realidade é ainda mais dura. Pesquisa mostra que, de cada dez brasileiros, cerca de três vivem com renda mensal menor que um salário mínimo. Isso quer dizer que os aproximadamente 30% dos mais pobres ganhava menos de R$ 998 por mês. Isso não basta, tem que sangrar ainda mais. 

‘Monopólio’ 

O governador, Romeu Zema (Novo), ratifica o desejo de privatizar todas as estatais mineiras, principalmente a Cemig, empresa que ele considera ser detentora de um ‘monopólio’ e obstáculo para o desenvolvimento do estado. “Qualquer levantamento que for feito vai constatar que a empresa deixa a desejar no atendimento a quem quer comprar energia elétrica. Se ela tem o ‘monopólio’, o consumidor não tem a quem recorrer.” Oh! Até que enfim alguém que “manda” falou o que todo mundo tinha vontade, ou outros falaram, mas não foram ouvidos.    

Corte 

O governador também diz que enviará à Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) um projeto com ajustes para o Estado, visando o corte de despesas.  Zema afirma que os três poderes, Executivo, Legislativo e Judiciário, mais o Ministério Público, têm um tamanho “incondizente” com o que a sociedade pode pagar.  Ok, disso todo mundo sabia ou sabe. Mas, todos sabem também que pior do que a quantidade, são os altos salários pagos a boa parte destas categorias, somados aos penduricalhos. E aí? 

Vamos pagar 

E não somente em Minas Gerais continuaremos sustentando as mordomias dos nossos representantes. O ministro da Economia, Paulo Guedes, revelou que a proposta de reforma tributária do governo "se autoimplodiu" com o veto à discussão de um novo tributo que seria cobrado sobre os meios de pagamentos nos moldes da antiga Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). A ideia defendida pela equipe econômica era usar esse novo imposto para reduzir a carga tributária que as empresas pagam sobre a folha de salários dos funcionários, como forma de baratear as contratações para reduzir o nível do desemprego no País. "Vocês preferem a perversidade dos encargos trabalhistas ao imposto feio?”, perguntou. Deixo a resposta para quem não aguenta mais pagar imposto neste país. E o pior, quem não tem é que paga em dia. 

Vai entender 

Mas, um não caiu antes mesmo de pensar em um novo imposto? Foi o que ocorreu com o ex-chefe da Receita, Marcos Cintra, que levou um “pé na bunda” justamente pela defesa enfática à criação do imposto sobre pagamentos. Coitado de José Barroso Tostes Neto, nomeado para seu lugar.

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