Sem pedal não é ‘val’...

Amnysinho Rachid

Quando éramos criança, tínhamos uma maneira peculiar de linguagem. Como todo mineiro, usávamos aquela deliciosa maneira de diminuir as palavras, e a rapidez no falar tornado um dialeto sempre muito bem entendido entre nós.

Então era muito comum sair pérolas como: “Cê” num vem? “Vô”, sim. Então “tá”, “tô” na espera. Demora não, “sô”, e traz aquele troço pra mim. “Tá”, mais o trem é muito grande, num sei se consigo… É moleza, o treco é “levim, levim”, qualquer um da conta, “sô”...

Me lembro muito das brincadeiras que tinham regras que deveriam ser seguidas à risca e observadas por todos, mas sempre existia o pessoal que tentava burlar tais determinações. Aí a turma não deixava por menos e arrepiava paralisando tudo e vinha logo a frase: Não foi “val”... “Val” queria dizer que não tinha sido válido... Como era comum os moleques brigando e gritando: Mas num é “val” mesmo... Regra é regra, deixei de saber num é “val”.

Uma das melhores coisa da minha infância foi a bicicleta, todo mundo tinha, eu tinha uma tigrão vermelha linda e me achava o máximo montado na magrela.

Um dos casos inesquecíveis foi uma vez que eu e meu inseparável parceiro e primo Gilberto resolvemos andar de bicicleta no pátio do Cine Arte Ideal, ali em frente existia um grande estacionamento com uma enorme descida até a entrada do cinema, onde ficava grandes placas de madeiras com cartazes dos filmes em exibição. Paramos na entrada do estacionamento e fizemos uma aposta para ver quem conseguiria descer a rampa sem frear e pedalando sem parar, e assim partimos para empreitada. Não deu outra, esborrachamos num mural e saímos de lá empurrando as bicicletas todo estropiados, coisa de loucos.

Tenho uma deliciosa turma de bike que, para minha alegria, depois de uma parada resolveu voltar. No último fim de semana fomos bikear.

Sempre quando sou convidado para sair com esta turma me sinto como um menino afoito pela aventura, quase não durmo de tamanha ansiedade e acordo cedinho pronto para a aventura.

Minha turma não é boa, não, deixa! Minha turma é a melhor, pensa: Iara, Leda, Toninho, Soraya, Soninha, Luciene, Renatinha, Manoel, Mariana e mais uns convidados.

Adoro bikear sem pressa, o nosso tempo vai na quantidade de casos contados, que não são poucos. Ali quase morremos de tanto rir e sempre voltamos para casa com aquela vontade de quero mais.

Desta vez, o nosso rolé contou somente com os bravos atletas Iara, Leda, Mariana e eu, o resto deu o tombo, serão advertidos. Fomos até a Cachoeira do Caixão, uma estradinha deliciosa que vai serpenteando ao redor do poderoso rio Itapecerica, lindo, pena que poluído, mas lindo… A estradinha estava lotada de ciclistas. Que delícia ver como o ciclismo ajuda a todos em momentos de pandemia.

Mas o modernismo também chegou às bikes, agora com as elétricas, que nos morros pedalam sozinhas, né, dona Iara? por isso digo: sem pedal não é “val”... Fica aí o aviso.

E continuamos aqui, na TOK EMPREENDIMENTOS, rua Cristal, 120, Centro.  

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