Segurança teve morte súbita em evento, conclui investigação da Polícia Civil

Edson Carlos Ribeiro, 42, morreu durante evento em 25 de setembro

Da Redação

A Polícia Civil (PC), em Divinópolis, apresentou, na tarde desta sexta-feira, 8, o laudo médico da morte do segurança Edson Carlos Ribeiro, 42, em um evento no Parque de Exposições, em 25 de setembro. O diagnóstico apresentado foi de "morte súbita".

— O papel da Polícia Civil não é julgar ou absolver. A PC apenas investiga os fatos — destacou o chefe do 7º Departamento da PC, delegado Flávio Tadeu Destro.

O médico-legista, Marcell de Barros Duarte Pereira, não foi encontrado sinais de lesão causados pelo suposto soco-inglês utilizado pelo agressor. De acordo com a PC, apenas uma das 20 testemunhas ouvidas relatou ter visto o objeto.

— Não havia sinais de lesão na traqueia, na laringe, nem hematomas — afirmou.

O legista esclareceu ter encontrado apenas uma lesão, um pequeno corte no supercílio, onde o soco teria realmente acertado — e não na traquéia, como reportado anteriormente.

As análises também evidenciaram que Edson tinha histórico de problemas cardíacos e um coração do tamanho acima da média. Não foi possível identificar o fator/gatilho que levou à morte súbita. 

— O que encontramos ao avaliar o tórax foi um coração muito aumentado. O coração da vítima estava muito grande — citou Marcell, explicando que isso prejudica a condução do impulso.

O coração foi preservado e enviado a um Instituto Médico Legal (IML), em Belo Horizonte, para análise microscópica. A conclusão foi por cardiomiopatia hipertrófica.

— É a causa mais comum de morte cardiomiopatia hipertrófica em atletas — explicou o médico. 

Ainda segundo o especialistas, diante da ausência de lesões ou traumas profundos, hemorragias ou sinais de danos cerebrais, ficou constatada a morte súbita. O diagnóstico é de um "evento arrítmico", quando o coração perde a capacidade de conduzir o feixe elétrico adequadamente e se contrai de maneira ineficaz, não bombeando o sangue. 

Apuração

O delegado responsável pelo caso, titular da Delegacia de Homicídios, Marcelos Nunes Junior, destacou o árduo trabalho de investigação da equipe. 

A esposa, casada com Edson há 14 anos, negou à Polícia ter conhecimento do problema cardíaco no marido. A PC solicitou históricos médicos da vítima, que mostram o uso de medicamentos relacionados à doença. "A mãe dele morreu por problemas cardíacos", relatou o delegado.

De acordo com os relatos colhidos, o suspeito da agressão, Pedro Lacerda, de 32 anos, estava, no momento, segurando a bolsa da namorada, que estava sem celular. Após o ocorrido, ele entregou o celular para ela e solicitou que sua irmã fosse avisada.

O delegado reforçou que, agora, cabe à Justiça definir os próximos passos.

— Era plausível que ele [suspeito] tivesse ciência do problema cardíaco? Não é trabalho nosso, mas da Justiça — refletiu o responsável pelo caso. — No meu entender, seria forçar demais atribuir homicídio, mas o meu entender não quer dizer nada. 

Marcelo ainda disse que Pedro nega ter agredido o segurança e argumenta que estava bêbado e não se recorda.

— Mas é irrelevantes, porque todas as testemunhas confirmam que ele desferiu o soco. 

Diante das evidências, a Polícia afirmou que, agora, cabe ao Ministério Público (MP), em posse das evidências colhidas e do inquérito, tomar as decisões que julgar cabíveis.

Conforme o entendimento do juiz, o caso pode, inclusive, deixar de se enquadrar em lesão corporal seguida de morte para lesão leve, reduzindo a pena a ser cumprida.

Fator

Segundo a médica legista, Andressa Vinha Zauncio, nenhuma lesão apresentada pela vítima tinha potencial de causar a morte.

— O estado de estresse em que ele estava exposto poderia ter causado a arritmia e a morte súbita? Sim. A lesão que ele sofreu, se ele não tivesse nenhuma problema cardíaco, o levaria à morte? Não.

A Perícia, com base em amostras biológicas, negou que Edsom tenha ingerido qualquer substância que possa ter causado a fatalidade.

[Matéria em atualização]

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