Saúde consegue mais 20 leitos de internação e adota plano para aliviar a UPA

Gisele Souto

Desde que foi inaugurada no dia 27 de março de 2014, a superlotação na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) é um problema crônico. Isso porque a unidade de saúde não funciona com o propósito para o qual ela foi criada: urgência e emergência. A atenção primária, que deveria ficar concentrada nos postos de saúde, é despejada na UPA, o que agravou a cada dia a situação da unidade nos últimos quatros anos.

Para se ter uma ideia, a média de atendimento diário é de 380 pessoas por dia e, deste total, 6% apenas seriam casos de permanência para observação ou internação.  Para desafogar a unidade, a Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) vai investir “pesado” a partir de agora. Tanto no valor que vai desembolsar mensalmente, quanto na adoção de medidas para que a estratégia funcione.

Novos leitos

Numa espécie de parceria, especialistas da Semusa e ligados a este tipo de atendimento estiveram no Hospital Odilon Beres em Belo Horizonte, onde viram de perto medidas adotadas lá que deram certo. Então, anteciparam uma sugestão do Ministério da Saúde (MS) para pelo menos amenizar os problemas das UPAs de todo o país. Trata-se da disponibilização de leitos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) — este ficando responsável em arquitetar com o hospital da cidade que ofereça as condições adequadas à forma de como será o atendimento. Divinópolis, segundo o secretário de Saúde, Amarildo Sousa, antecipou-se é será pioneira na adoção da medida. Irá disponibilizar nos próximos dias 20 leitos que atenderão exclusivamente pacientes da cidade.

A previsão é de que o atendimento para clínica médica de média complexidade esteja funcionando em 15 dias. O hospital que cederá os leitos é o Complexo de Saúde São João de Deus, o qual receberá R$ 200 mil por mês para a prestação do serviço.

Pacientes graves

Os pacientes graves que necessitam do auxílio da alta complexidade continuarão na fila da Central de Regulação gerida pelo Estado. Aqueles que já se encontram dentro do hospital, segundo a diretora de Urgência e Emergência, Cristiane Silva Joaquim, vai facilitar a sua transferência para o CTI. Os da fila podem ser transferidos para outros municípios com toda a logística necessária, de acordo com ela. Cristiane destaca que, em muitos casos, a unidade enfrenta problema de transferência, tendo em vista que muitos pacientes nem família não querem ir para outra cidade, mesmo após diversas tentativas.

Plano de contingência

Dentro desta nova forma de atendimento, o Protocolo de Manchester terá prosseguimento, mas de forma organizada.

Os dados apresentados mostram que atualmente 62% dos pacientes que buscam atendimento na unidade são classificados como “azuis” (não urgente) pelo Protocolo de Manchester e apenas 6% são considerados como realmente de emergência (vermelhos).

— Estes 6% correspondem, por exemplo, a 24 pacientes que realmente teriam de estar ali. Porém, da forma que vinha sendo feito, chegando estes 24 lá hoje [ontem], com os 68 já internados, não teria lugar para eles — pontua Cristiane Joaquim.

O diretor técnico da UPA, Marco Aurélio Lobão, enfatiza que serão observando critérios técnicos e objetivos. Assim, pacientes teriam a possibilidade próxima de zero de agravamento no quadro clínico em curto período de tempo e poderiam ser atendidos em uma das 40 unidades de saúde do município.

Ainda de acordo com os dados, dos cerca de 380 pacientes que são atendidos por dia, além dos 68% dos que poderiam ser atendidos na Atenção Primária à Saúde, os outros 32% podem ser divididos entre os pacientes classificados como “amarelo”, “laranja” e “vermelho” e que realmente precisam ser atendidos na rede de Urgência e Emergência.

Campanhas serão intensificadas para conscientização das pessoas que precisam da rede pública de saúde.

— Os pacientes possuem direitos, mas também têm deveres e um deles é respeitar pensando na população em geral. Este procedimento contribuiria para que a Urgência e Emergência fosse para quem realmente precise e, além disso, que ninguém fique sem atendimento, mas o adequado a cada caso — enfatizou Lobão.

Mais de 100

Como de costume, ontem, a UPA estava superlotada. Havia 65 pacientes dentro da unidade. Destes, 36 para clínica médica; dez para cardiologia; nove, ortopedia; três, pediatria; e um, neurologia. Além destes, seis para CTI.

 

 

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