Salvem a avicultura

Salvem a avicultura

 

Aos poucos, começa a se descortinar uma situação preocupante em relação aos avicultores da região. Até pouco tempo, até os próprios produtores acreditavam que suas dificuldades vinham de um quadro econômico ruim em todo o país. Porém, um estudo feito com uma amostra considerável revelou detalhes que nem eles mesmos conheciam.

Encabeçada pelo Sebrae, a pesquisa recolheu dados detalhados de 25 avicultores. Estima-se que o Centro-Oeste de Minas tenha mais de 160 produtores. E para quem acha que a região é irrelevante no contexto da avicultura de corte, seguem-se alguns números.

A região é a terceira maior produtora do estado. Entre os municípios mineiros, São Sebastião do Oeste, bem do lado de Divinópolis, é o segundo no ranking com maior plantel de avicultura de corte, segundo dados da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Os últimos números divulgados são referentes a 2015. Ou seja, considerando que aquele foi um ano de aguda crise econômica, é razoável supor que esses índices tenham melhorado ainda mais.

Em 2015, o município vizinho a Divinópolis contava com 10,1 milhões de cabeças. São Sebastião só estava atrás apenas de Uberlândia, com 13,6 milhões. Pará de Minas ocupava a terceira posição, com 9,4 milhões.

Matéria veiculada pelo Jornal Agora no dia 22 de dezembro de 2017 revelou um pouco das dificuldades enfrentadas pelos produtores. Basicamente, são duas: alto custo de produção e baixo preço pago pelos frangos.

O estudo do Sebrae mostra um custo médio de produção de R$ 0,79 por frango. Só que, apenas para se ter uma ideia, um dos principais compradores da região tem como preço de referência o valor de R$ 0,56 (esse número varia dependendo de uma série de fatores). A conta não fecha, obviamente.

Um ponto interessante é que, para sobreviver, os produtores vendem a cama de frango como adubo para complementar a renda. Porém, um número salta aos olhos: pelo que se depreende do estudo, sem a venda da cama, apenas quatro dos 25 avicultores conseguiriam manter suas granjas funcionando. Os demais teriam de encerrar as atividades.

Isso quer dizer que, sem essa renda secundária, 84% dos produtores teriam de fechar as portas. Quer dizer ainda que a produção de frango, tão vistosa nas estatísticas governamentais, enfrenta seríssimas dificuldades na prática. Simplesmente, os avicultores estão quase chegando ao ponto de pagar para trabalhar.

É urgente que produtores e compradores cheguem a um consenso. Os avicultores começam a se organizar melhor para terem mais condições de negociar e cada vez mais têm consciência de sua importância. Acordos mais justos e realistas para ambas as partes seriam bons não apenas para quem vende e quem compra. Mas também para manter a robusta avicultura do Centro-Oeste como destaque em todo o estado.

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