Saber governar

Saber governar 

Em novembro do ano passado, a chapa formada por Gleidson Azevedo (PSC) e Janete Aparecida, do mesmo partido, foi eleita com 32% dos votos válidos e, mesmo não tendo a maioria dos votos, seria a responsável por administrar Divinópolis nos próximos quatro anos. Se fôssemos analisar o perfil do prefeito, talvez pudessem defini-lo como avesso ao diálogo e fã de vídeos publicados em redes sociais. Em pouco menos de um ano de mandato, Gleidson e Janete acumulam, em seu histórico, fãs, desafetos e algumas polêmicas. Dentre elas, os constantes embates do prefeito com Laiz Soares, que também disputou o pleito na eleição passada, e com a vereadora Lohanna França nas redes sociais. O episódio envolvendo os agentes da Secretaria Municipal de Trânsito, Transporte e Segurança Pública (Settrans) e a recusa em conceder a revisão salarial aos servidores públicos municipais sem sombra de dúvidas deixou muita, mas muita gente desapontada com a postura do chefe do Executivo. 

Próximo de terminar o seu primeiro ano de mandato, a atual gestão mostra mais uma vez que não está aberta ao diálogo. Exemplo disso ocorreu no último fim de semana, quando a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Padre Roberto enfrentou mais um episódio de superlotação. Em resposta à situação, Gleidson publicou em suas redes sociais um vídeo (!) dizendo que a sua parte ele estava fazendo. Na publicação, argumentou que colocou cinco postos de saúde funcionando até as 22h, para desafogar a UPA e que todos estavam vazios. Resumindo, nada fora do habitual. Divinópolis enfrenta uma crise em determinado setor, um vídeo é gravado e pronto. Só que não! A impressão que se tem é que a atual Administração governa como a “Rainha de Copas” do clássico “Alice no País das Maravilhas”. 

Em sua torre, a Rainha de Copas tinha apenas um modo de resolver os problemas e o que lhe aborrecia, ela não conseguia olhar ao seu redor. Essa falta de diálogo que o atual governo impõe sobre tudo o que não é de seu interesse já mostra quais os caminhos que Divinópolis trilhará nos próximos anos, caso a Administração não só se abra para conversar, mas também para governar em união. Esta semana veio à tona a situação que o Conselho Tutelar se encontra. Além de fotos e vídeos do local, foi divulgado o ofício enviado pela vice-prefeita, no qual afirmava que a Prefeitura não dispunha de recursos para a reforma. Essa é apenas mais uma situação intrigante, pois o mesmo Executivo que diz que trabalha para o povo é o que permite que seus funcionários trabalhem em condições insalubres e a população seja atendida nas mesmas condições. 

É, no mínimo, contraditório e vem de encontro a audiência pública solicitada por alguns vereadores para discutir onde o recurso da Vale seria aplicado na cidade ‒ a que o prefeito se negou a participar e “bateu o martelo” dizendo que o dinheiro seria usado para asfalto. Tudo isso só mostra que se fechar em sua torre, sem ouvir aqueles que realmente sabem onde estão os problemas da cidade, não é o melhor caminho. É preciso união, diálogo, saber a hora de ouvir, de recuar. Isso tudo resume em: saber governar. 

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