Sábado é dia de teatro na praça da Catedral

Jorge Guimarães

Uma Tarde Cultural promete movimentar a Praça da Catedral, no próximo sábado, das 15h Às 19h. Além da diversão, o objetivo de comemorar os 50 anos da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL). E para fechar com chave de ouro, às 18h, o grupo volta à praça. A Divina Cia de Teatro completa sua 15º apresentação. A teatralização de poemas de amor de autores como Victor Hugo, Pablo Neruda, Adélia Prado, Verlaine e Rimbaud entre outros, caiu no gosto do público mineiro. O espetáculo segue em turnê por cidades mineiras e volta ao local de sua estreia em 2016. O espaço está nu, o palco sem coxias. Em cena, os atores num sentido quase franciscano de simplicidade, somente objetos fundamentais e correlatados à ação.

Encanto

O encanto mágico de O Circo das Ilusões, num sentido mais amplo, está na capacidade inexaurível de apresentar-se aos olhos do público sem revelar seu segredo pessoal, nos atores que trazem à vida dos poetas encenados, todos obedecem ao mesmo comando, que é a conjuração de uma outra realidade, mais verdadeira. Converter estes belos poemas em teatro pressupõe duas coisas: a elevação do ator acima das leis que governam a vida cotidiana, sua transformação no medidor de um vislumbre mais alto; e a presença de espectadores preparados ou não para receber a mensagem nesse vislumbre.

Primeira cena

Os espetáculos solo, em O Circo das Ilusões são um exemplo soberbo de teatro atemporal. Fornecem-nos vislumbres de pessoas de tempos e lugares, da dança, da mímica e do drama de culturas antigas, da pantomima, da Commedia dell’arte.  Na primeira cena, a entrada do elenco, cabisbaixos, empurrando um carrinho de supermercado onde está solene, o protagonista, alguns  poucos minutos é o que  Divina Cia. de Teatro necessita para um retrato da vida política no Brasil, e nele atinge uma intensidade avassaladora de expressividade dramática elementar, no final em que o antagonista e protagonista trocam de poder. O protagonista, vivido por Heitor Júnior, livra-se das vestes, da maquiagem e num acesso de fúria abandona o espetáculo dizendo no meio do público o poema de Victor Hugo até não ter mais nada a desejar ao público.

Arte de identificar

Como o próprio diretor, Neli Macaia, nos diz, a  pantomima é a “arte de identificar o homem com a natureza e com os elementos próximos de nós.” Ele continua, notando que a mímica pode “criar a ilusão do tempo.” O corpo do ator torna-se um  instrumento que substitui uma orquestra inteira, uma modalidade para expressar a mais pessoal, e  ao mesmo tempo, a mais universal mensagem.

Corpo como instrumento

Para o preparador Valério Peguini, o ator necessita apenas de seu corpo para evocar mundos inteiros e percorre a escala completa das emoções, da arte de expressão primitiva do teatro. Durante os ensaios no salão nobre do Estrela do Oeste Clube, atores e técnicos repetem durante horas uma mesma cena, até alcançar o resultado satisfatório.

— Assim, em O Circo das Ilusões, o pré-histórico e o moderno manifestam-se em seus personagens que enfeitiçam o espectador, provoca discussões e o faz pensar. O mistério do teatro reside numa aparente contradição. Como uma vela, o teatro consome a si mesmo no próprio ator de criar a luz — diz o produtor Valério Peguini.

Ficha técnica

A direção geral é de Neli Macaia, com fotografia a cargo de Fabiana Souto; a preparação corporal, vocal,  maquiagem e produção levam a assinatura de Valério Peguini. A direção de arte é dividida entre Neli Macaia e Átila Meireles. No elenco estão: Heitor Júnior, Guilherme Gontijo, Moisés Silva, Jovita Cristina, Flávia Teresa, Rosa Mística, Tânios Abib, Bárbara Gonçalves, Gabriel Andrade, Leopoldino Neto. Figurinos: Renato Dias Fabiana Souto. Fotografia: Eliselbert Penha, Arjuna Meireles, Fabiana Souto.

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